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PIMENTA MALAGUETA EDITORA APRESENTA SEUS AUTORES: PAOLA RHODEN
















PAOLA RHODEN














PREFÁCIO DE MIRIAM SALES
Conhecer Paola Rhoden,através da Internet,como as amizades
se fazem hoje,foi uma aquisição magnífica para o meu
coração,pois,esta pessoa tão real e ao mesmo tempo tão
etérea,encantou-me como ser humano de grandes dimensões.
Mas,conhecer sua poesia foi estar em contato com a beleza e harmonia
das palavras como só a mais pura das Artes pode nos brindar.
A poesia de Paola brinca,salta,enternece,comove pela simplicidade
de que é feita,uma poesia que parece nascer da alma dos querubins,tão
leve e tão celestial na sua forma e no seu encanto
Música ,poema,poema música,as artes se entrelaçam e se confundem
como uma festa no céu.
Paola nos toma pela mão e nos leva a um mundo melhorE,vamos
todos,embalado pela melopeia suave e cantante desses versos.
Apresentar Paola aos leitores é uma espécie de presente para as
almas doces que amam a poesia e abrigam,nos seus corações,o desejo de viver poesia.







"O tema conta a historia da vida de uma mulher, que desde criança aprendeu a lidar com os entraves e armadilhas da vida com sabedoria, e que mesmo caindo e levantando nos tropeços de sua jornada pelos caminhos sem volta que encontrou, nunca se deixou abater."


VALDECK DE JESUS
PIMENTA MALAGUETA EDITORA
NOSSOS AUTORES E SEUS LIVROS MARAVILHOSOS

VALDECK ALMEIDA DE JESUS



AMÁLIA GRIMALDI




DINARTE PORTELA





ARAKEN VAZ GALVÃO




ALMIRA REUTER





MARIVALDO HORA





L. MIDAS





JOSÉ CLÁUDIO ADÃO


UM CONJUNTO DE CRÔNICAS DELICIOSAS PARA VOCÊ, LEITOR SE DIVERTIR.



ANA BAILUNE



DO PÂNTANO DA DOR BROTOU UM LÍRIO DE POESIA



LUCYMAR SOARES


BELOS VERSOS ,CHEIOS DE PAIXÃO




JOSÉ ORLANDO


UM CORDEL ENGRAÇADO E EDUCATIVO



SEU LIVRO DE POESIAS"SONHO DE MENINA" SAIRÁ COM O SELO DA
                                            PIMENTA MALAGUETA EDITORA


                                                                            





















Uma das maiores atrizes do nosso Teatro,Cinema e TV,Norma Blum teve a gentileza de conceder-me  essa entrevista, que tanto nobilita esse espaço.
Escritora com vários livros publicados,alguns chegaram á 8ª edição,essa senhora elegante,culta e afável é uma glória para as Artes Cênicas brasileiras.
Agradeço também a amiga, escritora  Rogéria Gomes , a cuja intermediação devo essa entrevista.

ENTREVISTA COM A GRANDE DAMA , NORMA BLUM



MS- Norma Blum,quem é você?
NB- Uma mulher. Uma atriz. Uma mãe. Uma amiga. Uma apaixonada pela vida, pela natureza, pela arte. Uma pessoa feliz.

MS- Você morou uns tempos no Paraná. Como foi essa experiência?
NB- Foram apenas três meses no verão. Eu tinha nove anos de idade. Meu pai, grande professor de Inglês, foi convidado a dar aula para os filhos de um fazendeiro de café e gado. Ficamos na fazenda e tenho maravilhosas lembranças.

Na "Escrava Isaura",sucesso mundial

MS- Como iniciou sua carreira?
NB- Aos doze anos fui ser auxiliar do meu pai no programa Aulas de Inglês na TV Tupi do Rio. Representávamos pequenos trechos de peças inglesas. O produtor e diretor Jacy Campos então me convidou para fazer o personagem principal da peça Nossa Cidade no programa dele Câmera Um. A partir daí passei a trabalhar no Noite de Gala de Geraldo Casé, Teatrinho Infantil de Fábio Sabag e Grande Teatro Tupi de Sérgio Britto e Fernando Torres. Aos 18 anos estreei no teatro com o mesmo personagem Emily de Nossa Cidade. Aos 14 já tinha feito meu primeiro longa metragem Sai de Baixo, direção de J.B.Tanko, no papel de mocinha, para o qual fui escolhida após um teste.


MS- Fale um pouco do seu passado, sua família.
NB- Minha família austríaca veio ao Brasil para fugir da Segunda Guerra Mundial. Meu tio avô já morava no Rio desde 1920. Meu avô paterno era um virtuose do violino e tive o privilégio de conhecer as músicas do folclore alemão além de muita música erudita quando muito novinha.
MS- Qual a sua posição em relação a Frau Herta? Foi um papel difícil?
NB- Frau Herta foi a vilã da novela Ciranda de Pedra da TV Globo. Uma nazista fanática e autoritária. Foi difícil porque meus avós eram judeus e tinham fugido da guerra. Mas todo papel de vilã é um grande desafio para uma atriz. Temos que lutar com o nosso lado sombrio. Foi sucesso.

Com Lucélia Santos

MS- Vc acompanha o trabalho de novos autores?
NB- Sim. Procuro sempre estar informada. Adoro o trabalho da dupla Thelma Guedes e Duca Rachid. Há um autor ainda novato e muito talentoso chamado Xandy Novaski. Fiquemos atentos aos seus futuros trabalhos.
 Também gosto de ver os colegas novos e antigos na tevê, no teatro e no cinema. O Brasil tem muitos talentos na arte de representar.
MS- - O que mudou no ofício de ator desde que vc começou no radioteatro (em meados dos anos 40)?
NB- Comecei na tevê no início dos anos 50. A maioria dos atores vinha do rádio e do teatro. Não havia o saber fazer televisão. Aprendemos na marra. Durante os primeiros dez anos a programação era ao vivo, como se fosse um teatro filmado na hora. Não existia a gravação porque o videotape só foi introduzido em 1962. Por esse motivo não existe registro dos grandes programas que foram ao ar naquele tempo. Algumas verdadeiras obras primas.
Os atores dessa época faziam muito teatro e estudávamos muito.
Hoje a gravação em HD permite uma série de efeitos especiais para a tevê. Sinto que muitos atores jovens não estudam para se aprimorar. Representar é a arte da repetição e do aprofundamento. Cultura geral é requisito primário.
Os anos de tevê ao vivo foram uma maravilhosa escola de interpretação prática. E de agilidade mental e para trocar de roupa em segundos.

No cinema

MS- Que caminhos deve seguir um jovem ator brasileiro que deseje fazer sucesso em Hollywood? E  no  Brasil  ?
NB- Saber Inglês fluente. Fazer carreira de sucesso no cinema primeiro no Brasil. Estudar, estudar, estudar.
MS- Norma, é a Tv que sustenta os atores que desejam enveredar ou permanecer no teatro?
NB- Cada caso é um caso. A visibilidade na tevê pode garantir o público no teatro. Porém com os custos altíssimos de produção teatral e aluguel de teatros hoje a arte precisa de patrocínio forte. Pela Lei de incentivos Rouanet ou por outros meios.


MS- O que pensa das telenovelas de hoje? Há quem veja um esgotamento do gênero.
NB- Não penso assim. É verdade que tem havido alguma repetição nas tramas. Mas o Brasil ainda produz as melhores novelas do mundo. Claro que o público, principalmente os jovens, migrou para outras mídias. No entanto com a sofisticação cada vez maior e recursos mais fortes a novela ainda seduz no Brasil e no exterior.
Claro que dos anos 60 aos anos 90 havia novelas com tramas mais fortes e centradas em menos atores, geralmente escritas por um único autor ou por uma dupla. Hoje há uma profusão de núcleos o que deixa muitas tramas com seus fios de conexão perdidos. Os protagonistas (do tempo em que eu fiz algumas na TV Globo) tinham muito mais cenas fortes.
MS- Por que, nos últimos 20 anos, os produtores culturais brasileiros
passaram a depender tanto de patrocínios e leis de renúncia fiscal?
NB- Porque o Brasil não investe em sua indústria, em nenhum segmento. Então a cultura passa a depender dos mecenas ou dos incentivos governamentais.

Lançamento do livro "As Grandes Damas e Um Perfil Do Teatro Brasileiro"

MS- Os artistas consagrados também ouvem "nãos"?
NB- Praticamente todos os dias. Estive doente no ano passado. Agora estou com ótima saúde e buscando um papel mas até agora não tive nenhum convite.
MS- Por ser uma atriz consagrada e respeitada pela crítica e pelo público alguma vez recusou um convite com medo de comprometer sua imagem?
NB- Não me lembro de ter recusado nenhum papel em cinema ou tevê. No teatro já tive que dizer não quando o texto a mim submetido era muito fraco.
MS- Qual o seu mais importante papel na TV?
NB- Além de muitos que fiz no Grande Teatro Tupi durante o período do ao vivo, destaco a Julieta de Shakespeare num espetáculo da TV Continental do Rio.
Além de Aurélia Camargo em Senhora, Suzana em Vejo a Lua no Céu, Frau Herta em Ciranda de Pedra, Malvina em Escrava Isaura, todas na Globo.
Destemida: passeata contra a Ditadura Militar

MS- De q/ vc tem medo?
NB- De parar de trabalhar com o meu ofício.

MS- Como foi sua relação com a ditadura militar?
NB- Péssima. Lutamos muito contra a censura nos meios artísticos. Participei de muitas passeatas. A gente vivia em assembléia permanente contra a repressão.
MS- Fale um pouco dos livros q/ vc escreveu.


NB- O primeiro foi Exorcize Sua Bruxa Madrinha (também publicado na Espanha). Depois vieram Palavra de Anjo, Falando com Anjos, Energia Positiva. Gosto muito do livro infantil que escrevi O Dragãozinho Sonhador. Infelizmente todas as obras estão esgotadas. Meu último livro foi minha biografia (Muitas Vidas – Vida e Carreira de Norma Blum) que saiu pela Coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
MS- Vc se sente uma pessoa realizada tanto profissional como pessoa?
NB- Sim. Como pessoa porque criei meus filhos e todos estão bem.
Mas como profissional falta muita coisa. Quero trabalhar sempre como atriz.


MS- Qual é o seu maior anseio, hoje?
NB- Voltar a fazer cinema. Há vinte anos estou esquecida. Adoro a linguagem cinematográfica.
Tenho um convite para um grande papel num seriado policial com ótimos atores brasileiros e um americano de renome. Estou torcendo para que a produção engrene logo. O título por enquanto é Coroa Reformada e eu farei a própria. Mas todo o resto ainda é segredo. Também estou fazendo pesquisa para escrever um romance sobre sete mulheres da mesma família.

NB- Como você encara a velhice?
NB- Com muito empenho em não deixar a mente, o coração e o espírito envelhecer.
MS- O que você faz para se manter tão bem fisicamente?
NB- Na verdade não faço nada.
MS- Qual a sua relação com a fama e o dinheiro?
NB- A fama veio muito cedo, no princípio da adolescência, razão porque ela sempre me pareceu natural. Ela era mais duradoura antigamente. Agora tudo se resume aos quinze minutos de fama como citado por Andy Warhol. Se estamos numa novela de sucesso somos mais interpelados nas ruas. Tenho fãs que conversam comigo e lembram dos meus primeiros papéis. Isto é gratificante. Mas hoje em dia tudo é muito efêmero. Não ligo para isto.
Quanto ao dinheiro nunca foi muito. Tive que criar muitos filhos sem muita ajuda dos pais. Ainda preciso trabalhar para me sustentar hoje aos 72 anos de idade.

Como Aurélia

MS- Dessa a gente não pode escapar: Que conselho profissional daria ao jovem que começa?
NB- Estudar, ler sobre tudo e qualquer coisa. Fazer com paixão qualquer papel por menor que seja. Sem paixão não há profissão.

MS- Como vc vê o Brasil, hoje?
NB- Com muito desencanto. Corrupção e violência, péssima distribuição de renda, injustiça social. Saúde e educação precárias. Fico triste. O Brasil tinha tudo para ser um grande país.
MS-Os desmandos,a corrupção desenfreada lhe incomoda?
NB- Já respondi acima.


MS- Cite bons amigos que chegaram através do trabalho.
NB- Marcelo Del Cima, um pesquisador. Mauro Alencar, jornalista e escritor, doutor em novelas, Priscila Camargo, Berta Loran, Zeca Prudente, atores. E mais um sem fim de pessoas especiais entre colegas e conhecidos de uma vida inteira.

MS- O que é felicidade,para vc?
NB- Estar em paz comigo. Curtir minhas plantas e meus animais de estimação. Ficar com os familiares. Escrever. Trabalhar, trabalhar, trabalhar.
MS- Como foi, para você participar do excelente livro da Rogéria Gomes sobre o teatro brasileiro e suas Damas maravilhosas? Viajei lendo esse livro...
NB- Uma honra por ser incluída entre tantas damas de nossa arte e cultura. Através do meu depoimento fiquei muito amiga da autora, a jornalista Rogéria Gomes, mais uma aquisição de amizade através do trabalho.
MS- Norma,agradeço a oportunidade de entrevistar você, uma das figuras mais importantes da cena brasileira e uma pessoa que sempre me marcou pela beleza e elegância; e, não estou me referindo apenas ao físico.Além, é claro, do indiscutível talento.


Muito axé para  você!
NB- Axé para você também e obrigada pela oportunidade.
 Norma

















Essas entrevistas têm como objetivo a divulgação de bons trabalhos de autores brasileiros, mostrando seus trabalhos literários. Como escritora e, hoje, editora, creio ser meu dever dar um empurrãozinho nesta nova nascente Literatura que está renascendo das cinzas, graças à Internet. Precisamos mostrar quem faz e o que faz. É nosso dever!
M. S. Oliveira – Vamos começar do comecinho, como você descobriu a poesia?
Silvestre – A poesia que me descobriu, Miriam! Brrrrrr ... que frio! (risos)... deixou minh’alma exposta, me sondou, me seduziu. Não sei bem quando começou o namoro (risos). Na infância, todos os dias, antes de entrar na escola, enquanto minha boca percebia o açúcar do quebra-queixo e da maria-mole (doces que eram vendidos lá), meus olhos comiam tudo a minha volta: sombras das árvores, sorrisos infantis, a expressão sofrida dos vendedores cujo sustento da família dependia da venda das guloseimas... Antes de entrar na sala, músicas que cantávamos já me transportavam para a esfera onírica. Acho que hoje me diagnosticariam com DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção). O pátio da escola já era cheio de poesia, quer seja nas cantigas de roda que cantávamos (brincadeira inocente que as crianças tecnológicas hoje não sabem o que é), quer sejam nas bolhas formadas pela chuva que sempre me fascinavam e me faziam perder a noção do tempo ao observá-las etc.
Não foi na escola que conheci os primeiros livros. Foi em casa, com meus pais. Na escola pública, cheguei com seis anos e já sabendo ler. Aí me colocaram no 2º ano. Lembro que lá conheci os primeiros poemas de Cecília Meireles, Olavo Bilac, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. Outros que me encantaram só conheci mais tarde, como Fernando Pessoa, Mário Quintana, Vinícius de 
Moraes, Cora Coralina e Pablo Neruda. Mais recentes estão Alice Ruiz, Elenilson Nascimento, Artur Gomes e Rildson Alves. A primeira vez que me expressei por poemas, eu tinha uns oito anos. Fiz um caderninho ornamentado com desenhos que contornavam cada uma das páginas. Eu sei que ele ainda existe. No momento não sei onde anda. Se tento hoje lembrar algum poema deste caderno vem um trechinho ou outro, bem bobinhos, como “A lua lá no céu/Parece até um grande véu/Um véu de renda/Que parece até uma lenda/Pois coisa tão bonita como o luar/É difícil de achar...” e outro inspirado em uma paixão infantil (daquelas que só a gente sabe... o outro nem imagina) “Se olho pra você eu rio/Se olho pra você eu choro/Rio porque te amo/Choro porque te adoro”. Hoje eu acharia ridículo, embora relevando o fato de ser de uma criança, mas um amigo chegou a ver nesta última quadrinha razões emocionais, diferenciando os sentimentos que, para ele, justificam a utilização do "te amo" e "te adoro" além da necessidade de rima.

Tia Aurora, minha tia-mãe e professora de português (*um dia ainda vou escrever sobre ela e sua avidez/vitória ao estudar para tirar a família da pobreza), incentivou-me a continuar escrevendo e com uns nove anos, venci um concurso de monografia sobre a vida da escritora Helen Keller, mas nunca me orgulhei disto. Tanto que não guardei detalhes, nem lembro qual foi à instituição que promoveu, embora eu tenha imagens na mente da cerimônia de premiação. Não me orgulhei porque acho que uma das minhas tias havia me auxiliado. Parece que ela só revisou o texto, porém, na minha lógica de criança, não achei que era justo, que eu merecia.
Só na pré-adolescência chegou mesmo o prazer de escrever. Como? A partir de um livro adotado pela escola chamado “Criatividade”. Lembro que era grande e de cor laranja. Eu tinha ali onze anos e não esqueço os dizeres do exercício: “Escreva tudo que estiver pensando”. Lembro de ter parado e pensado: “Posso? Tudo que me vier à cabeça? Sem censuras?” Ali começou, então, uma relação íntima e criei o hábito de desabafar com o papel. Em seguida, tive dois professores incentivadores: Irmã Stella, professora de português no curso normal do Colégio Maria Auxiliadora. Depois de mais de 20 anos pesquisei seu paradeiro, a encontrei, estamos nos correspondemos por e-mail e já tivemos um reencontro lindo na cidade onde mora atualmente, Uberlândia. E Samir Suaiden, no curso de Comunicação da Uniceub (ambos muito exigentes, críticos e que sempre me surpreendiam com opiniões positivas). Mas ainda que tenha tido estes incentivadores, quando os sentimentos e sensações da vida passaram a gritar em forma de poemas, fui jogando numa gaveta.
 M. S. Oliveira – Você nasceu em Brasília? Fale um pouco sobre você.
Silvestre – Nasci no Rio, mas meu pai e minhas três tias (irmãs de minha mãe) eram funcionários públicos e foram transferidos para a nova capital. Então, cheguei à terra do barro vermelho e vasto céu, com três anos de idade. A paixão pela cidade cresceu junto comigo.
M. S. Oliveira – Esta cidade influenciou na sua formação poética? Como?
Silvestre – Brasília sempre me inspirou. Tenho  vários textos e poemas onde coloco os matizes e sensações que capto da minha vida aqui, como na crônica “Brasília Cidade-Céu Nublado”: “ Por cima de suas linhas retas, uma porção de curvas encobrem o céu da cidade. Cidade-céu nublado... A cidade parece mais triste. As pessoas andam e correm mais depressa no eixão, tentando espantar o frio (ou a solidão?). Cada quadra parece isolar-se mais da outra e cada bloco e cada apartamento e cada pessoa... e eu. E as nuvens nem estão aí para nada; nem se tocam de que, se caíssem em forma d`àgua, trariam à terra da seca mais alegria e novamente dariam lugar ao céu e ao sol, que juntos fariam retornar o brilho da capital. Capital do sonho, dentre outros, dos roqueiros. Onde estarão eles agora? Aproveitando todo esse clima que nos faz mais sensíveis e introspectivos para compor, tocar ou cantar seus sonhos? Ou estarão apenas, como todos os brasileiros, sonhando com dias melhores?”
Saí do Rio ainda muito pequena e se tivesse crescido lá talvez não mantivesse a minha natureza romântica e observadora que se aliou às linhas de uma cidade projetada para ter espaços bucólicos privilegiados. Só tenho a agradecer ao Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Eu tinha que vir para cá. Acho que a cidade tem muito de mim. Os espaços criam mais espaços na gente para divagar.
M. S. Oliveira – Como atriz e poeta você deve gostar de ler poesia. Quais os seus poetas favoritos?

Silvestre – A cada descoberta de autores ainda não lidos, meu gosto foi, aos poucos, se alterando. Quando mais jovem, eu gostava muito de Cecília Meireles e Maria Clara Machado. De todas as épocas foi a paixão pela obra de Chico Buarque de Holanda. Tenho uma foto interessante com ele. No momento exato do clique, ele se movimentou e o braço do violão ficou exatamente em seu rosto, mas alguém me disse, com toda a poesia: “Está coerente! Ele é o violão, a música!” Quanto a Fernando Pessoa e o Quintana, depois que descobri não parei mais de ler. Elisa Lucinda é muito rica em imagens e dramaturgia e, quando a Silvestre está querendo abraçar tudo, encontra o eco da alma na voz dela. Mas em outros momentos prefiro a não palavra de Alice Ruiz e seus haicais, a simplicidade e honestidade do olhar que a gente imagina porque o sentimento maior não foi dito e é doada ao leitor a expressão deste também não dita, algumas vezes insinuada. Uma poesia que se faz no silêncio. Algo meio esotérico até.
Em se tratando de dramaturgos, com Shakespeare eu havia flertado, mas só conheci melhor sua grandeza quando minha vida rumou para o teatro. A obra dele sempre me emociona. Apesar de ter decorado muitos textos shakespearianos para trabalhos cênicos, constato que, infelizmente, esqueci. Entretanto, guardo um poema que permanece nítido demais na minha memória de outro dramaturgo Bertold Brecht: “Quem construiu a Tebas das sete portas? Nos livros constam os nomes dos Reis. Os reis arrastaram os blocos de pedra?” Quando falava certa vez a uma psicóloga da minha raiva por esquecer nomes (de autores, de livros, de filmes, de atores), ela disse que memorizamos o que julgamos importante. Creio que o guardei para sempre porque esta ideia move demais meu espírito. Não é à toa que vim parar no “Projeto Literatura Clandestina”. Os anônimos, involuntários clandestinos de todos os tempos,   Os anônimos, involuntários clandestinos de todos os tempos, muitas vezes são os maiores heróis que passam pela vida sem deixar rastros, que acordam na madrugada para trabalhar honestamente, demoram a chegar no trabalho, viajando em pé e apertados por outros heróis, almoçam comida fria, na marmita e, no final do mês, quando vem o salário, mal dá para as necessidades básicas. Este poema de Brecht apresenta tema semelhante àquela canção do Zé Ramalho, “Cidadão”, que diz que o cara ajudou a construir e depois não pode entrar no edifício: “Hoje depois dele pronto/Olho pra cima e fico tonto/Mas me vem um cidadão/E me diz desconfiado/Tu tá aí admirado? Ou tá querendo roubar?" Ou o poema “Operário em Construção” de Vinicius de Moraes. Ainda hoje eu pensava. Depois de anos lidando com trabalhos intelectuais, forcei-me a encarar o serviço doméstico. Queria passar por esta experiência. Dispensei a empregada. As dificuldades das tarefas de casa. E estou ralando para caramba! (risos) Muitas panelas queimadas (mais risos) me fazem sempre refletir. E aí vejo que fazer o cérebro funcionar para estudar, interpretar, calcular, raciocinar, crescer intelectualmente é trabalhoso, mas algumas tarefas manuais e braçais também o são. Quem gostaria de ser lixeiro? Porque que os serviços manuais, braçais, com pouca demanda para o cérebro são considerados menores? Porque escolhemos valorizar os serviços onde o cérebro é que mais trabalha?

Dentro desta ótica, prefiro dizer hoje que meus poetas favoritos não são estes que um dia chegaram ao ápice do reconhecimento nacional e internacional. Gosto muito de ler Elenilson Nascimento, Artur Gomes, Andreia Migliacci. E não só porque eles participaram do livro “Poemas de Mil Compassos”. O livro foi apenas oportunidade de conhecer a obra deles, além de Rildson Alves e Luih Rocha.
M. S. Oliveira – Sente-se influenciada por alguns deles? Silvestre – Conscientemente, não me sinto influenciada por nenhum poeta em especial. Até porque minha poesia vem de uma sensação que foge da minha vontade. Ela vem de forma muito irracional. Minha poesia é uma avalanche que tem que correr morro abaixo. Os espíritas talvez dissessem que estou psicografando. Não sei destes mistérios. Mas não tenho muita consciência do processo desde o momento que o sentimento vem até sair em formas de palavras. Sabemos que não existem ideias novas. Reelaboramos tudo que encontramos aqui desde que aportamos. Pelo meu filtro passaram todos estes que citei e vários outros. Então, quando coloco o copo na torneira saem aí os meus escritos, com todos os sabores e dissabores que fui apreciando ou detestando pela vida a fora. Cheguei a pensar em alguns momentos que alguns dos meus filhos têm um quê de Cecília Meireles, mas acho muita pretensão minha dizer isto. Meus poemas são simples de ideias e vocabulário. A simplicidade que eu via muitas vezes em Vinícius de Moraes, falando de seu sentimento com delicadeza, de forma direta, clara. Já a coisa de falar de temas de erotismo com naturalidade relacionaram a Florbela Espanca, embora eu a tenha conhecido bem depois. Para ilustrar esta pergunta, então, fico com o último: escolho o meu poema inédito “ Piquenique”, inspirado em um desenho que fiz e que traz a sensualidade de forma bem sutil.
 M. S. Oliveira – Pude observar seu belo trabalho. Qual a sensação de publicar “Asas e Voos"?
Silvestre – 
Depois de guardar poemas em uma gaveta durante anos, o primeiro concurso foi da Febraban, em 2003, e aí somente escritores bancários concorreram. Fui selecionada com o “Chove Poesia”. Participei da coletânea intitulada “Banco de Talentos da Febraban” e neste concurso aconteceu a magia da desmistificação, do início da coragem de compartilhar. Já o concurso literário da Editora Guemanisse/RJ, do qual participei em 2006, e que desembocou no livro “Asas e Voos” teve o sabor da confirmação de que eu estava seguindo um caminho bom para minha vida. No primeiro concurso, eu poderia ter dito pra mim mesma, imprimindo as notas da insegurança tão presentes no meu jeito de ser, que fui selecionada porque era um universo menor de concorrentes, já que não são só escritores e sim bancários. Totalmente equivocado este pensamento. Somos seres humanos multifacetados. Temos muitos talentos e só nos resta descobri-los. Uma pessoa pode ser excelente em mais de uma área na vida. Porque deveria eu pensar que um bancário não poderia ser excelente escritor também? Vinícius de Moraes foi diplomata e tantos outros ícones da cultural mundial tiveram outras atividades, até para sobreviverem. Mas a desculpa era boa para reforçar minha insegurança. Já no “Asas e Voos” eu não tinha mais como me auto-sabotar. Inscrevi nove poemas e os nove foram selecionados. Aí pude dar vazão maior à alegria e confiança de que deveria continuar tirando os poemas da gaveta que no mínimo me propiciariam encontrar outras almas e cantar com elas em coral.
M. S. Oliveira – Qual é a relação entre a poeta, a atriz e a mulher? Silvestre – 
No teatro, escrevi várias adaptações e textos para esquetes. O destino negou-me a maternidade e meu útero foi embora. Foram embora também, por morte, tantos que eu amava e todas estas perdas foram transformadas em cenas, desenhos, música e muitos poemas. Na UNB, no curso de artes cênicas, a Eliane mulher pediu colo para a Eliane atriz e, nesta situação que vou contar agora, a Eliane poeta e a Eliane desenhista também deram sua mãozinha e as quatro, trabalhando juntas, puderam transcender a dor da perda da maternidade. Na disciplina Expressão Corporal, com a prof. Soraia Silva (bato palmas para ela, professora que sabe a medida certa de tudo, caminha com o aluno sem castrar sua criatividade), após assistirmos um vídeo sobre o trabalho de Suzanne Link (dançarina que pertence a uma geração alemã de artistas visionários que trouxeram um novo jeito de criar e realizar a dança), cuja trajetória artística teve forte ligação com as experiências corporais vividas por ela, a professora pediu que pensássemos numa lembrança corporal forte. Alguma situação que fisicamente nosso corpo enfrentou. Eu pensei na cirurgia de retirada do útero que foi forte emocionalmente (por não poder mais ser mãe) e fisicamente já que depois de ter tido um corte que ia do umbigo até embaixo não pude tomar analgésico e passei uma madrugada da pior dor da minha vida. Concentrei-me nas lembranças do fato. Surgiram movimentos e muito pranto. No final da aula, ela pediu que cada um apresentasse suas descobertas. Coincidentemente e bem demonstrando o que é a vida, eu fui logo após uma aluna que levou exatamente o contrário: a maternidade. Quando apresentei, alguns até choraram porque parecia compor um outro desfecho para a alegria da cena anterior. A professora me perguntou se eu daria conta de permanecer com o tema escolhido, já que chorei muito enquanto fazia. Eu disse a ela que iria pensar. Em casa, pensei e concluí que seria, para mim, como um salto quântico viver todo o processo cênico para me ver livre do nó interno. Na próxima aula eu já estava firme, confirmando para a Soraia que permaneceria no tema. Fiz a escolha certa, que me levou a uma pesquisa riquíssima (Kazuo Ohno – com seu Butoh; Kandinski, Jean Paul Sartre, Osho, Budismo, Física Quântica pelas mãos maternas de Bob Toben e Fred Wolf, Semiótica com Bachelard, Maurice Ponty, Teoria Peirceana, os filósofos Aristóteles e Platão) e outros temas que foram sendo gerados a partir daí como a pré-expressividade e ações físicas (Artaud, Barba, Delsarte trazidos por Matteo Bonfitto e Nietzsche em “Assim falou Zaratustra”). E melhor forma não teria de transcender o sentimento. A partir da lembrança corpo
Silvestre – No teatro, escrevi várias adaptações  O destino negou-me a maternidade e meu útero foi embora. Foram embora também, por morte, tantos que eu amava e todas estas perdas foram transformadas em cenas, desenhos, música e muitos poemas. Na UNB, no curso de artes cênicas, a Eliane mulher pediu colo para a Eliane atriz e, nesta situação que vou contar agora, a Eliane poeta e a Eliane desenhista também deram sua mãozinha e as quatro, trabalhando juntas, puderam transcender a dor da perda da maternidade. Na disciplina Expressão Corporal, com a prof. Soraia Silva (bato palmas para ela, professora que sabe a medida certa de tudo, caminha com o aluno sem castrar sua criatividade), após assistirmos um vídeo sobre o trabalho de Suzanne Link (dançarina que pertence a uma geração alemã de artistas visionários que trouxeram um novo jeito de criar e realizar a dança), cuja trajetória artística teve forte ligação com as experiências corporais vividas por ela, a professora pediu que pensássemos numa lembrança corporal forte. Alguma situação que fisicamente nosso corpo enfrentou. Eu pensei na cirurgia de retirada do útero que foi forte emocionalmente (por não poder mais ser mãe) e fisicamente já que depois de ter tido um corte que ia do umbigo até embaixo não pude tomar analgésico e passei uma madrugada da pior dor da minha vida. Concentrei-me nas lembranças do fato. Surgiram movimentos e muito pranto. No final da aula, ela pediu que cada um apresentasse suas descobertas. Coincidentemente e bem demonstrando o que é a vida, eu fui logo após uma aluna que levou exatamente o contrário: a maternidade. Quando apresentei, alguns até choraram porque parecia compor um outro desfecho e textos para esquete  Fiz a escolha certa, que me levou a uma pesquisa riquíssima (Kazuo Ohno – com seu Butoh; Kandinski, Jean Paul Sartre, Osho, Budismo, Física Quântica pelas mãos maternas de Bob Toben e Fred Wolf, Semiótica com Bachelard, Maurice Ponty, Teoria Peirceana, os filósofos Aristóteles e Platão) e outros temas que foram sendo gerados a partir daí como a pré-expressividade e ações físicas (Artaud, Barba, Delsarte trazidos por Matteo Bonfitto e Nietzsche em “Assim falou Zaratustra”). E melhor forma não teria de transcender o sentimento. A partir da lembrança corporal, escrevi, para a cena, o texto a seguir:

“Tive medo da morte. Antes, já havia morrido, no sonho, a Eliane mãe. Enterrei no coração a veste pequenina que escolhi com amor. Depois, cortaram meu ventre e foi embora o leito no qual ele ou ela moraria durante nove meses. Primeiro, você que eu não conhecia morreu dentro de mim. Depois eu que temia morrer, não tive aquela morte temida mas morri de alguma forma, recomeçando com um olhar diferente. E com este olhar diferente encarei os raios de sol que me esperavam na saída do hospital. Pronta para ser mãe dos meus dias, trazendo para cada um deles estes raios de sol.”
Meu trabalho se desenvolveu a partir da morte de uma das facetas da maternidade: gerar vida no berço do útero. Com o transcorrer do processo de trabalho fui me dando conta de que a morte desta faceta ao mesmo tempo deu vida a outras maternidades: à criatividade, à solidariedade, à autoestima, a tantas outras formas de ser mãe como instrumento de criação. O eterno espiral de transformação de morte em vida e novamente em morte e novamente.
 M. S. Oliveira – O que acha do mercado editorial brasileiro?
Silvestre – Pelo que sei, estamos sob um céu de mudanças. Os livros digitais estão aí e ainda não sabemos qual a repercussão que terão e consequentemente como o mercado reagirá, visto tratar-se de algo ainda muito novo. Outro fato é que as editoras estrangeiras estão comprando editoras brasileiras. Além disso, está ocorrendo uma multiplicação de agenciadores brasileiros que negociam com agenciadores estrangeiros, que por sua vez trabalham numa espécie de rede onde um livro facilmente é levado de um país a outro. Tudo isto sinaliza cada vez menos fronteiras para os livros brasileiros. Se o Brasil está sendo visto pelo mundo, no momento, com bons olhos, olhos de fé, que chegam a todas as artes, o mercado editorial brasileiro está em franca expansão. Acho que a parcela do pensamento empresarial do editores que, visando apenas lucro, privilegiam algumas celebridades no ato da escolha para publicação, ainda que tenham pouco a dizer num livro, poderia aproveitar este momento autores novos.
M. S. Oliveira – Fale um pouco da sua carreira de escritora, 
lutas, dificuldades e vitórias.
Silvestre – Minha carreira de escritora está começando. Como já falei antes, ainda não publiquei meu primeiro livro. Participei apenas de cinco concursos literários com êxito, meus poemas estão em cinco publicações que são coletâneas: “Banco de Talentos da Febraban/SP” (2003), “Agenda Literária da Associação de Poetas Profissionais do RJ” (2004), “Asas e Vôos” da Editora Guemanisse/RJ (2005), “Poemas de Mil Compassos” (2009) do Projeto Literatura Clandestina (Elenilson Nascimento) e “Labirintos e Palavras” da Editora Guemanisse/RJ (2010). Além disso, desde julho de 2011, faço parte da Academia de Letras de Taguatinga (cidade satélite de Brasília), convidada pelo presidente Gustavo Dourado (professor, escritor e poeta, com treze livros publicados e cuja poesia é objeto de estudo de universidades no Brasil e no exterior e Conselheiro do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal). Quando ele falou comigo eu perguntei por que. Eu disse a ele que não podia aceitar, que ainda não tinha livro publicado e ele disse que conhecia meus poemas e que eu era muito mais merecedora como escritora do que muitas outras pessoas que se diziam escritoras. Ainda insisti mas ele confirmou e me convenceu.
Estou numa fase de desconstrução de mim mesma, querendo encontrar sentido para tudo. Ainda não tive vontade de publicar um livro. Depois de ter resolvido, enfim, compartilhar, participando de concursos literários e, atualmente, publicando no Facebook e no meu blog, talvez tivesse chegado o momento de pensar nisto. Mas o encontro com os leitores e outros escritores já vem acontecendo pela internet e minha avalanche que corre morro abaixo, como citei antes, não morrerá comigo. Fora isto, ainda não estou encontrando um sentido maior para publicação de um livro e nem sei se teria editor
de expansão para i interessada.
Se isto já tivesse movido minha alma eu estaria correndo atrás. Se quero chegar a algum lugar, vou com passos certeiros, com garra. Assim foi quando, por exemplo, no início da minha vida profissional, fui fazer inscrição para um concurso público para a Câmara dos Deputados e depois de repetidas tentativas de entrar na fila para um portão que abria às 14 horas, resolvi ir à meia-noite do dia anterior. À tarde, quando o portão abriu, estávamos todos sujos de barro vermelho e muito queimados de sol. Precisei brigar por meu lugar na fila e depois decorei toda a Constituição Federal. Tirei nota 10 e fiquei em primeiro lugar. Mas não fui trabalhar lá, porque havia a exigência de horário integral e teria que abandonar minha porção artista. Aos 18 anos, já era uma decisão tomada para a minha vida: se eu não era filha de pais ricos, a arte era sonho e precisaria do feijão. Então era necessário dividir meu dia: metade dele teria a segurança e na outra a criação, a arte. Seria metade burocrata e metade artista. Assim pautei minha vida. Fiz outros concursos, então, e acabei escolhendo trabalhar na Caixa. Encontrei enfim o porto seguro para o feijão garantido. Cumpria o horário mínimo da prisão e no horário de liberdade, fazia tudo aquilo que me encantava a alma: dança, teatro, desenho, literatura, música etc. E muitos poemas escrevi quando era secretária.
Publiquei também matérias sobre dança no jornal “O Malote”, da Caixa, na revista “Dançar/SP” e a história em quadrinhos "O Economiário”, em “A Pergunta Abacaxi” (para divulgação do Disque-Caixa, assinando, além da autoria, também desenho, criação e arte-final). Nos últimos dez anos, de certa forma, conciliei minhas metades trabalhando na área cultural da Caixa em Brasília e, como analista de marketing cultural, gerente e subgerente da Caixa Cultural Brasília, onde fazia análise e redação de pareceres de projetos culturais selecionados para defesa de patrocínio e fazia parte da equipe de produção de inúmeros eventos, dentre eles exposições internacionais como Edward Munch, Picasso, Miró, shows de grandes nomes da MPB como Ney Matogrosso, Zizi Possi, etc., além de espetáculos teatrais com arti
nvestir em te em vida.  artistas renomados como Fernanda Montenegro, Nathalia Thimberg, Sérgio Britto etc.
Atualmente, antes do meu próprio livro (se é que um dia o farei), os leitores terão dois outros infanto-juvenis com ilustrações minhas. O primeiro, uma lenda com elementos pictográficos e simbólicos, da psicóloga Cristina Carvalhêdo, chama-se “A Princesa Poil e o Portal”, que está finalizado desde 2009, aguardando patrocinador. O segundo é do poeta Alessandro Uccello (http://eucomverso.blogspot.com) que atualmente digita e escreve somente com os olhos já que, infelizmente, uma doença paralisou todos os seus movimentos e mesmo assim ele já publicou uns quatro livros depois da doença e, por incrível que pareça, mantém o bom humor e muito me honrou com o convite. Estou aguardando ansiosa ele finalizar sua obra para então ilustrar.

M. S. Oliveira – Como foi a sua participação nos “Poemas de Mil Compassos”?
Silvestre – 
Antes do Projeto Literatura Clandestina, do “Poemas de Mil Compassos”, ter aparecido na minha vida, eu ainda engatinhava na vontade de desengavetar poemas guardados durante anos. Havia participado apenas (2003 a 2006) de cinco coletâneas provenientes de concursos literários. Mas, em 2007, a vida começou a me puxar pra baixo, com uma perda tripla: morte de pessoa amada (Tia-Aurora), finalização de um ciclo profissional e separação conjugal. Entrei, então, numa época filosófica, questionando tudo e não vendo sentido em nada. Esta perda tríplice manchava minha alegria habitual inicialmente de pequenas gotas e depois foi tomando conta e escurecendo meus dias. E aí lá estava eu com a minha porção escritora adormecida pelas lágrimas, quando conheci o Projeto Literatura Clandestina, pelas mãos do amigo das antigas, o ator Fernando Diamantino (agradeço por isto). Ele orientou-me a enviar uns três poemas para o idealizador do projeto, Elenilson Nascimento, que estava prestes a lançar a 3ª. edição de coletânea (com escritores desconhecidos do grande público vindos de todas as regiões do país) chamada “Poemas de Mil Compassos”. Elenilson selecionou o “Entre a Vida e a Morte” e assim também começou esta amizade linda que só tenho a agradecer diante do até exagero de incentivo que recebo. Eu havia participado sim de alguns concursos literários com êxito, mas a primeira crítica (linda!) a um poema meu veio do próprio Elenilson, com meu polêmico “Amor de Pica”. Assisto diariamente na net a expressão verdadeira do ser humano Elenilson, que assume publicamente suas ideias doam a quem doerem. Sei do seu olhar bastante seletivo, crítico ao extremo e, às vezes, me pergunto por que toquei seu coração? Tudo que faço seja no teatro, na literatura, no que for, ele está ali para divulgar para me dar força. Ele tem uma sensibilidade gritante que coloca lindamente na literatura e que, no campo jornalístico, cutuca a sociedade na sua hipocrisia e aponta o que sob a sua visão seria mais justo. Divergimos politicamente, mas isto nunca abalou o querer bem que tenho por ele e que ele tem por mim. Há momentos nos quais sua forma dura de se referir a pessoas chega a me dar raiva dele. Mas supero e separo, porque sei que ele é vasto demais para eu olhar só para um pedacinho, principalmente porque em outros tantos pedacinhos encontro alguém que escreveu "Canção para a minha cólera" e tantos outros poemas e textos riquíssimos que nos fazem sonhar, refletir e encontro também um escritor generoso que sublima sua revolta, na árdua batalha pessoal para viver de literatura, formando um grande mutirão de escritores de talento, mas ainda desconhecidos. Agradeço a ele não só por mim, mas por tantos artistas brasileiros que embora não estejam na grande mídia, estão aí se expressando através da arte e ele não deixa passar em branco. Agradeço também, muitíssimo, a você, Miriam, pela oportunidade de divulgar meu trabalho em seu blog.
 M. S. Oliveira – Qual a sua relação com a internet?
Silvestre – Uma relação de amor e ódio? Será que posso dizer assim? (risos) Guardo desta ferramenta de comunicação um profundo agradecimento de reencontros, de descobertas, de novas amizades, de novos caminhos profissionais. Não guardo as más notícias que chegaram por esta via, os maus momentos digitais de conflitos e de enganos. E nem disto vem o ódio já que nada tem a ver com a rede. O ódio vem do que eu gostaria de esquecer que é o fato de, em algumas fases, usar a internet de forma compulsiva para saciar carências.
Em alguns momentos, vi, nitidamente, que minha atitude era de necessidade de ser importante para alguém, de alguém falar comigo. E isto não é bom. Somos todos sós. Viemos para aqui sozinhos e vamos partir sozinhos. Precisamos gostar da solidão. Porém não a ponto de você isolar-se e deixar de regozijar-se com novas sinceras amizades. Por isto falo de amor e ódio. Porque este tipo de utilização para mim é nocivo. Não gosto quando percebo que estou em fases assim, de uso compulsivo e improdutivo. Gosto quando estou utilizando para estudar, pesquisar e para fazer contatos objetivos, interagindo com amigos e profissionais, mas tudo com equilíbrio. Também vivendo bastante aqui fora, encontrando com amigos para, olhando nos olhos, conversar.

M. S. Oliveira – Seu jeito poético de ser, sua fixação pelos pássaros torna sualiteratura muito original. Seu leitor percebe isto?
Silvestre – Obrigada por você ter percebido esta minha paixão. Não os engaiolo em outro lugar que não seja em meus versos. Mas neles, volta e meia estão os bichinhos. Creio que alguns leitores percebem e ficam um pouco atônitos, inferindo que eu vôo como eles. Não estão errados. Sinto-me meio “etezinha” mesmo. (risos) Acredito que todo escritor tenha um pouco deste hábito de volta e meia estar no mundo da sensibilidade mais apurada e logo semeando fantasias. Acho até que alguns leitores acidentais chegam a me julgar alienada. Já estou acostumada. Antes mesmo de me expressar em palavras escritas e torná-las públicas, no meu dia-a-dia, já me deparava com situações que as pessoas me olhavam assustadas. Como se todo mundo estivesse num compasso e eu dançasse em outro. Costumo seguir borboletas, passarinhos, formigas... observá-los sempre me fez muito bem. Lembro que numa aula uma vez eu apontei para uma árvore para que todos vissem uma revoada de pássaros amarelinhos. Uma colega que me dirigiu um olhar como se estivesse lidando com uma doente mental, falou: “E daí?” Acho que nem todos compreendem o valor de deixarmos a poesia embalar nossos dias por aqui. No caminho oposto, tornamo-nos máquinas. Ai de mim, com todas as dores que tive com a morte de tantas pessoas que eu amava, se não me alimentasse destas pequenas belezas. Sempre assisti aulas com um olho na aula e o outro voando.
M. S. Oliveira – Quais os seus planos para o futuro?
Silvestre – Não tenho planos para o futuro. Estou vivendo cada dia de uma vez, porém tentando caprichar, esculpindo às 24 horas com boas do que me faz feliz. Não idealizo situações pessoais, apesar disto tenho a intuição de que se idealizo uma sociedade mais justa, naturalmente meus caminhos pessoais fluirão neste sentido em qualquer das áreas profissionais que estiver abraçando momentaneamente: literatura, teatro ou ilustração.
M. S. Oliveira – E o livro digital. Está nos seus planos?
Silvestre – O e-book está se posicionando no mercado, mas ainda está meio tímido, carecendo insumo tecnológico, barateamento das mídias, que está chegando. Divulgar o que penso e sinto já vem acontecendo. Um livro digital objetivando um trabalho remunerado ainda não acredito que possa vê-lo desta forma. Parece que as vendas ainda são muito escassas. Também não tenho tantos leitores ainda. Se eu sentir que há demanda, quem sabe penso. Acho que minha produção nunca esteve tão grande. Desde que abandonei o serviço burocrático, há mais espaço para a sensibilidade poética. Apesar de colocar muitos no meu blog, no blog “Poemas de Mil Compassos” e no Facebook, sobram outros tantos na gaveta que hoje se modernizou e chama-se computador.
M. S. Oliveira – Quem é Eliane Silvestre?
Silvestre – Alguém que está se conhecendo e que busca isto. Posso contar algumas das descobertas aqui, fazendo a ressalva de que estarão sempre em constante mutação, reformulação. No momento, penso que sou uma pessoa de caráter, valorizo a honestidade, sou alegre, afetuosa, batalhadora e estou em busca de paz interior e autoconhecimento. Gosto de compartilhar a minha alegria com as outras pessoas. É muito sem graça ser feliz sozinho. Se podemos propiciar que o amor e alegria sentida se espalhem a volta, acredito que todos os prazeres se multiplicam. Acredito num mundo melhor com este pensamento de que somos todos centelhas divinas e o que acontece com alguém do outro lado do mundo tem a ver comigo e influencia sim a minha vida também. Tenho alma de beija-flor, uma natureza renascentista, beijo aqui, beijo acolá, faço de tudo um pouco e é assim que gosto de viver. Com este meu jeitinho Galileu de ser, gosto de experimentar profissões diferentes, atividades variadas e costumo ler uns dez livros ao mesmo tempo. Vou variando. Alguns me pescam pela curiosidade e permaneço neles, mas é raro. Como um dos símbolos do número cinco é o ser humano com suas cinco pontas.


Eliane Silvestre é poeta.



A  MULHER  DE PRETO
          
       Antônio Coutinho havia terminado o curso da Academia Militar das Agulhas Negras, foi designado para servir no Recife, naquele ano de 1964 rebentou o golpe militar. Era um tenente compenetrado, idéias próprias sobre a situação do país, apoiou e participou da revolução.
     Jovem educado, bem criado, sempre gostou de ler, de participar de atividades culturais e sociais. Nesse período pós golpe, a partir de abril de 1964 era convidado para grandes festas e eventos no Recife, conheceu algumas personagens da mais alta hierarquia social e política pernambucana. Por ser uma figura alegre, bem falante, bom contador de histórias e principalmente por ser tenente do Exército Brasileiro, fator de muito peso entre os bajuladores, Coutinho frequentava constantemente as festas da cidade. Seja no consulado dos Estados Unidos ou nas belas mansões. Certa vez compareceu a um aniversário de um amigo rico em um apartamento elegante do Recife, edifício Acaica, praia de Boa Viagem, foi acompanhado de um major amigo. A festa rolava, um encanto, bom uísque, boas conversas, brincadeiras divertidas, declamação de poesia, jogos de salão.
         Certa hora o major falou que o tenente Coutinho recitava poesias. Os anfitriões pediram, exigiram, ele advertiu saber apenas poesia erótica; foi aplaudido, pediram, por insistência ele recitou Delírio, de Olavo Bilac:
 “Nua, mas para o amor não cabe o pejo. Na minha a sua boca comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela pedia - Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo, fremente, a minha boca obedecia.
E os seus seios, tão rígidos mordia Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo meu bem! - num frenesi. No seu ventre pousei a minha boca, -Mais abaixo meu bem! - disse ela louca. Moralistas, perdoai! Obedeci ...”
              Assim que terminou de recitar a bela poesia de Olavo Bilac, uma bonita senhora vestida de preto, aparentando uns 25 anos, vistosa, elegante, bem tratada, linda, dedos cheios de anéis de brilhantes, sentou-se ao seu lado e cochichou no ouvido: “Adorei a poesia”. A madame tinha pele morena, cabelo preto como uma noite escura. Passaram o resto da noite conversando e por que não dizer, paquerando. O grande problema era o ciumento marido que foi se chegando até participar da roda onde estava a Dama de Preto e o tenente poeta. Coutinho entristeceu ao perceber que a Deusa era casada. Não aparecia a aliança, os anéis ofuscavam qualquer outra jóia em seus dedos finos, bem tratados.
          O marido viajaria dia seguinte para Brasília, ele era um dos líderes da campanha, “Dê ouro para o bem do Brasil”. Muita gente boa doou jóias de família, parte do dinheiro arrecadado tomou destinos inconfessáveis. Marcaram encontro à noite em frente ao Bar Veleiro em Boa Viagem. Na hora certa os dois chegaram, a madame pediu para ele entrar no seu aero-wyllis negro. Foram direto ao apartamento do tenente. Uma bela noite de paixão e amor. Depois de ter satisfeito seus desejos, eram 23 horas, ela se despediu. Tudo que ela queria foi feito delirantemente pelo tenente, tal e qual no poema ele obedeceu a seu pedido. O retrógrado marido, cinquentão, não admitia outro tipo de amor, era sempre o mais simples, o feijão com arroz.
        Coutinho ainda teve alguns encontros com a madame quando o marido viajava. Na cama, ele obedecia, ela pedia num frenesi.
        O romance logo se tornou público, a madame era muito conhecida, socialite. Certa noite, numa festa, o tenente encontrou-se com ela e o marido, ele tinha fama de criminoso e mafioso. Certa hora o maridão solicitou um particular com o tenente, se afastaram conversando amenidades, até que o marido foi taxativo, confessou amar muito a mulher, entretanto, ela sofria de uma doença, ninfomaníaca, tinha compulsão pelo sexo. Com humildade pediu para Coutinho se afastar de sua bela mulher. Não tomava outras atitudes pelo apreço ao Exército, preservava o verde oliva, ou seja, não mandava dar uma surra no tenente, como fez com o último amante da mulher, pelo medo aos militares.
      A partir daquele dia acabou-se o romance proibido, embora a dama de preto tenha telefonado, insistido, para novos encontros, o tenente resistiu.
     Muitos anos depois, no Bar Antônio Maria no bairro do Recife antigo, Coutinho, já sessentão aposentado, avistou uma bela mulher de preto acompanhada por um namorado jovem, achou-a familiar, fixou o olhar, veio-lhe na lembrança o amor de anos atrás, o romance proibido. Ele teve certeza, aquela bela coroa era a inesquecível Dama de Preto que um dia foi sua por um poema de amor.


CARLITO É ESCRITOR  ALAGOANO E SECRETÁRIO DA CULTURA EM MARECHAL DEODORO. CRIADOR DA FLIMAR  (FESTA LITERÁRIA DE MARECHAL DEODORO)








Final de ano chegando e naturalmente vem a necessidade de fazermos um balanço de tudo que vivemos, avaliamos e fazemos planos. A questão é que, em geral, nos centramos muitas vezes no que foi ruim, no que não surtiu resultados, naquilo que não queremos mais. Por isso mesmo, acabamos fugindo de avaliações, pois feitas desse modo, acabam nos gerando mais mal estar.
Vou lhe propor uma maneira diferente de olhar as coisas. Vou apresentar a você uma ferramenta poderosa no caminho de autoconhecimento e autoliderança, que usamos no processo de Coaching: a Memória de Triunfos.
Primeiramente, responda a essas perguntas:
·         Quais são as 8 coisas mais importantes que você realizou em sua vida?
·         Quais foram os seus triunfos, em cada fase de vida?
Lembre-se de seus pequenos e grandes triunfos, na infância, na adolescência, na juventude, na vida adulta... Deixe vir, como um filme, cada lembrança boa de sua caminhada. Lembre-se de seus mestres, dos percalços que você superou, das escolhas positivas, das atitudes que conseguiu assumir. Seus momentos decisivos e o modo como você os tomou nas mãos...
Aprofunde:
·         O que e quem lhe apoiou em cada um dos triunfos?
·         Quais fortalezas internas fizeram com que você alcançasse esses resultados?
·         Quais fortalezas você acabou desenvolvendo ao longo de sua busca?
·         O que você aprendeu com cada uma dessas experiências?
Através dessa viagem positiva no tempo, você está começando a criar um arsenal muito poderoso, está criando a sua Memória de Triunfos. AMemória de Triunfos proporciona a autoconfiança para seguir em frente e obter novos triunfos, ela lhe oferece fórmulas de ação que já deram certo com você e que podem servir de parâmetro para novas ações, ela gera um estado de espírito otimista calcado na realidade.
Antes mesmo de conhecer o Coaching, eu costumava a recomendar aos clientes de psicoterapia que tivessem seu "diário de vitórias". Pedia que nele anotassem todas as suas características positivas e todas as vitórias alcançadas ao longo da vida. Pedia também que permanecessem alimentando-o com as vitórias alcançadas no presente, com as coisas boas que percebessem em seu cotidiano.
Faça esse mesmo exercício para iniciar a avaliação de seu ano:
·         Quais foram os seus méritos?
·         Quais foram as apostas que deram certo?
·         Como você fez essas escolhas?
·         Como foi seu modo de agir?
·         O que aprendeu sobre si mesmo


Isso nos apoia em momentos de desafios e naqueles momentos em que nos esquecemos de nosso potencial, que teimamos em nos esconder na lástima e no medo. Se tenho esse lembrete em mãos, rapidamente me lembro de quem sou e de tudo que posso ser e realizar na vida. A Memória de Triunfos nos incentiva a ir mais além, a manter viva a chama do nosso potencial mais pleno!
Para triunfar, precisamos ouvir a voz vitoriosa que existe dentro de nós. O que você acha de iniciar, hoje mesmo, um processo de ativar sua Memória de Triunfos? (Deixe sua voz vitoriosa responder!
Juliana Garcia é psicoterapeuta e escritora
Coach, psicodramatista, facilitadora de grupos e escritora. Trabalha em projetos terapêuticos e sociais como facilitadora de grupos de mulheres em Belo Horizonte e outras cidades. Coordena em seu consultório atividades voltadas para autoconhecimento, bem-estar e desenvolvimento pessoal. Realiza palestras e vivências em hospitais, escolas e organizações .

















TRECHO DO LIVRO "OMEROS"

 Meu canto foi sobre o tranquilo Achille, filho de Afolabe,
que nunca subiu num elevador, que nunca
teve passaporte, pois o horizonte não exige nenhum,

nunca pediu ou tomou emprestado, não foi garçom de ninguém,
um homem cujo fim, quando vier, será uma morte por água
(o que não é para esse livro, que ele não conhecerá

nem haverá de ler). Cantei o único morticínio
que lhe trazia deleite, o dos peixes – e isso
por necessidade; cantei os canais de suas costas ao sol.


QUEM É:


Poeta mulato das Antilhas, prêmio Nobel de literatura de 1992,
 Derek Walcott escreveu um poema destinado a permanecer entre os mais belos e instigantes deste século.

Em Omeros, se o mar e os negros pescadores de Santa Lucia fornecem a matéria-prima, um vasto arsenal de imagens, ritmos e texturas tropicais, são os arquétipos daIlíada e da Odisseia, as personagens míticas de Aquiles, Helena, Heitor e Filoctete (além do próprio Homero, 
encarnado num pescador cego, de nome Sete Mares), que definem as linhas mestras do poema.

Misto de poesia, mito, romance e roteiro de cinema, Omeros é também uma meditação sobre questões cruciais do mundo contemporâneo, como a destruição da natureza, a identidade das minorias e o desenraizamento individual e coletivo.

Das raízes mediterrâneas aos grandes autores da língua inglesa, passando pelopatois crioulo das Antilhas e os sons africanos que pulsam até hoje nas margens do Caribe, este é um canto universal, que funde de modo magnífico o encontro de raças








TRECHOS DA ÚLTIMA ENTREVISTA DE CARLOS  DRUMMOND DE ANDRADE




O MEDO
     “A maior chateação da velhice é você ficar privado do uso completo de suas faculdades. A pessoa velha tem de moderar o ritmo do andar, porque, do contrário, o coração começa a pular. Não pode fazer grandes excessos. Não tomar um pileque de vez em quando porque isso provocará consequências maléficas. Ela tem de ser moderada até nos amores.
     “O medo que tenho é levar uma queda, me machucar, quebrar a cabeça, coisas assim, porque, na idade em que estou, a primeira coisa que acontece numa queda é a fratura do fêmur. Isso eu receio”.
     “...Cantaremos o medo da morte/ depois morreremos de medo/ e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas” (Congresso Internacional do Medo - trecho)











A QUEIXA
     “Antes, as pessoas que sabiam escrever a língua se destacavam na literatura e nas artes em geral. Mas hoje há escritores premiados que não conhecem a língua natal...
     “Quem hoje não sabe a língua e se manifesta mal é que aprendeu de maus professores. A decadência do ensino no Brasil é uma coisa que tem pelo menos trinta a quarenta anos - e talvez mais”.
     “Precisamos educar o Brasil/ Compraremos professores e livros/ assimilaremos finas culturas/ abriremos dancings e subvencionaremos as elites/ Cada brasileiro terá sua casa/ com fogão e aquecedor elétrico, piscina/ salão para conferências científicas./ E cuidaremos do Estado Técnico” (Hino Nacional - trecho)











A VIDA
     “Minha vida? Acho que foi pouco interessante. O que é que eu fui? Fui um burocrata, um jornalista burocratizado. Não tive nenhum lance importante na minha vida. Nunca exerci um cargo que me permitisse tomar uma grande decisão política ou social ou econômica. Nunca nenhum destino ficou dependendo da minha vida ou do meu comportamento ou da minha atitude.
     “Eu me considero - e sou realmente - um homem comum. Não dirijo nenhuma empresa pública ou privada. A sorte dos trabalhadores não depende de mim”.
     “Sou apenas um homem/ Um homem pequenino à beira de um rio/ Vejo as águas que passam e não as compreendo/ ...Sou apenas o sorriso na face de um homem calado” (América - trecho)











O PAÍS
     “Eu lamento que haja pouco consumo de livro no Brasil. Mas aí é um problema muito mais grave. É o problema da deseducação, o problema da pobreza - e, portanto, o da falta de nutrição e da falta de saúde. Antes de um escritor se lamentar porque não é lido como são lidos os escritores americanos ou europeus, ele deve se lamentar de pertencer a um país em que há tanta miséria e tanta injustiça social”.
     “Precisamos descobrir o Brasil/ Escondido atrás das florestas/ com a água dos rios no meio/ o Brasil está dormindo, coitado” (Hino Nacional - trecho)











O VOTO
     “Acho o Partido Verde muito limitado. Por que somente verde? Eu seria partidário de todas as cores do arco-íris - do vermelho vivo do sangue que palpita nas artérias ao azul do céu. O Partido que gostaria de ver implantado no Brasil, com condições de assumir o poder ou de partilhar o poder com partidos mais burgueses seria o Partido Socialista.
      “Quando há eleição, não voto mais. Deixei de votar, porque me desinteressei. Deixei de votar porque a lei me faculta deixar de votar aos setenta anos. Ainda votei, até os oitenta e poucos. Depois, verifiquei que o quadro político não agradava nem me seduzia. As opções não eram agradáveis para mim”.
     “Eu também já fui brasileiro/ moreno como vocês/ Ponteei viola, guiei forde/ e aprendi na mesa dos bares/ que o nacionalismo é uma virtude/ Mas há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam” (Também já fui brasileiro - trecho)











A BELEZA
     “A beleza ainda me emociona muito. Não só a beleza física, mas a beleza natural. Hoje, com quase oitenta e cinco anos, tenho uma visão da natureza muito mais rica do que eu tinha quando era jovem. Eu reparava mais em certas formas de beleza. Mas, hoje, a natureza, para mim, é um repertório surpreendente de coisas magníficas e coisas belas. Contemplar o vôo do pássaro, contemplar uma pomba ou uma rolinha que pousa na minha janela... Fico estático vendo a maravilha que é aquele bichinho que voou para cima de mim, à procura de comida ou de nem sei o quê. A inter-relação dos seres vivos e a integração dos seres vivos no meio natural, para mim, é uma coisa que considero sublime”.
     “Amar um passarinho é uma coisa louca/ Gira livre na longa azul gaiola/ que o peito me constrange/ enquanto a pouca liberdade de amar logo se evola... O passarinho baixa a nosso alcance/ e na queda submissa o vôo segue/ e prossegue sem asas, pura ausência” (Sonetos do pássaro - trecho)











A SOLIDÃO
     “Se eu me sinto solitário? Em parte, sim, porque perdi meus pais e meus irmãos todos. Nós éramos seis irmãos. E, em parte, porque perdi também amigos da minha mocidade, como Pedro Nava, Mílton Campos, Emílio Moura, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Gustavo Capanema e outros que faziam parte da minha vida anterior, a mais profunda. Isso me dá um sentimento de solidão. Por outro lado, a solidão em si é muito relativa. Uma pessoa que tem hábitos intelectuais ou artísticos, uma pessoa que gosta de música, uma pessoa que gosta de ler nunca está sozinha. Ela terá sempre uma companhia: a companhia imensa de todos os artistas, todos os escritores que ela ama, ao longo dos séculos”.
     “Precisava de um amigo/ desses calados, distantes,/ que lêem verso de Horácio/ mas secretamente influem/ na vida, no amor, na carne/ Estou só, não tenho amigo/ E a essa hora tardia/ como procurar um amigo?” (A bruxa - trecho)











A POESIA
     “Não lamento, na minha carreira intelectual, nada que tenha deixado de fazer. Não fiz muita coisa. Não fiz nada organizado. Não tive um projeto de vida literária. As coisas foram acontecendo ao sabor da inspiração e do acaso. Não houve nenhuma programação. Não tendo tido nenhuma ambição literária, fui mais poeta pelo desejo e pela necessidade de exprimir sensações e emoções que me perturbavam o espírito e me causavam angústia. Fiz da minha poesia um sofá de analista. É esta a minha definição do meu fazer poético. Não tive a pretensão de ganhar prêmios ou de brilhar pela poesia ou de me comparar com meus colegas poetas. Pelo contrário. Sempre admirei muito os poetas que se afinavam comigo. Mas jamais tive a tentação de me incluir entre eles como um dos tais famosos. Não tive nada a me lamentar. Também não tenho nada do que me gabar. De maneira nenhuma. Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros. Minha obra é pública.
     “Mas eu acho que chega. Não quero inundar o mundo com minha poesia. Seria uma pretensão exagerada”.
     “Não serei o poeta de um mundo caduco/ Também não cantarei o mundo futuro/ Estou preso à vida e olho meus companheiros/ Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças” (Mãos dadas - trecho)











A CRIAÇÃO
     “Pelo menos na minha experiência pessoal, há uma emoção grande e uma alegria no momento de escrever o poema. Uma vez feito, é como o ato amoroso. Você sente o orgasmo, sai a poluição e depois aquilo acabou. Fica a lembrança agradável, mas você não pode dizer que aquele orgasmo foi melhor do que o outro! O mecanismo não é o mesmo, a reação não é a mesma”.
     “É sempre no passado aquele orgasmo/ é sempre no presente aquele duplo/ é sempre no futuro aquele pânico/ É sempre no meu peito aquela garra/ É sempre no meu tédio aquele aceno/ É sempre no meu sono aquela guerra” (O enterrado vivo - trecho)











A NOVA REPÚBLICA
     “Não teria cabimento eu escrever uma Constituição (ri). Não tenho a menor intenção e esta idéia nunca me passou pela cabeça. A Constituição de que eu mais gostaria é esta - ‘Artigo primeiro: Não há artigo primeiro. Artigo segundo: também não há artigo segundo. Parágrafo. Revogam-se as disposições em contrário’. Nem sei quem é o autor desta idéia.
     “O Brasil está vivendo um fase de profunda inquietação e transformação de valores. É cedo para julgar um político, um presidente, um ministro. Nós estamos - ao mesmo tempo - participando da ação e querendo ser juízes. O observador, o participante, nunca é o juiz. A gente pode julgar o marechal Deodoro da Fonseca porque nós já sabemos no que deu a República com quase cem anos. Então, é uma figura histórica. Mas julgar historicamente e moralmente um nosso contemporâneo me parece uma das coisas mais difíceis de fazer. Não tenho opinião a respeito.
     “O poeta não se situa em nenhuma república. O poeta se situa como poeta”.
     “O que desejei é tudo/ Retomai minhas palavras/ meus bens, minha inquietação/ fazei o canto ardoroso/ cheio de antigo mistério/ mas límpido e resplendente” (Cidade prevista - trecho)











O ESTADO NOVO
     “A minha relação com o poder foi uma relação amistosa com o ministro Gustavo Capanema, pelo fato de nós sermos companheiros antigos. Nunca participei do poder. Nunca desejei. Nunca teria vocação. Eu era da estrita confiança do ministro. Esculhambavam-me e acusavam-me de fazer favoritismo político e de arranjar nomeação de pessoas para falarem bem de mim nos jornais, o que é absolutamente falso. Eu não tinha poder! E eu não trairia a confiança de Gustavo Capanema (ministro da Educação do primeiro governo de Getúlio Vargas) fazendo coisas assim. Nunca tive a oportunidade de conversar com Getúlio, embora fosse acusado de poeta ligado ao Estado Novo. Eu não tinha nada com o Estado Novo. Nunca participei de homenagens ao governo. E saí de lá com as mãos abanando”.
     “Tenho apenas duas mãos/ e o sentimento do mundo/ mas estou cheio de escravos” (Sentimento do mundo - trecho)











A ACADEMIA
     “A Academia nunca me inspirou desprezo. Não posso desprezá-la porque não acho que é uma instituição digna de desprezo. O que há é o seguinte: não tenho espírito acadêmico, não tenho a tendência para ser acadêmico. A Academia, então, não me produz uma sensação de desprezo nem de desgosto. Apenas relativo distanciamento. Mas devo assinalar que, dentro da Academia, estão alguns dos meus melhores amigos. São companheiros de juventude, como Afonso Arinos, Abgar Renaut, Ciro dos Anjos - que não é só meu amigo: é meu compadre. Não tenho nada individualmente contra os acadêmicos. Acredito que - sendo uma instituição composta por quarenta pessoas - dificilmente, em qualquer lugar do mundo, essas quarenta pessoas serão bons escritores. Haverá, sempre, uma parcela de escritores menores e, até, de maus escritores”.
     “Ah, não me tragam originais/ para ler, para corrigir, para louvar/ sobretudo, para louvar/ Não sou leitor nem espelho/ de figuras que amam refletir-se no outro/ à falta de retrato interior” (Apelo aos meus dessemelhantes em favor da paz - trecho)











O JORNALISMO
     “Trabalhei na imprensa durante a minha vida toda, com um ligeiro intervalo em que me dediquei só à burocracia do Ministério da Educação. Sempre tive muita consideração dos meus companheiros. E muita liberdade. Mas me recordo que, há tempos atrás, num momento de molecagem, para testar a resistência do copy-desk, no Jornal do Brasil, escrevi a palavra bunda. Cortaram e botaram a palavra traseiro. Hoje, a palavra bunda circula até em fotografia, em desenho, por toda parte. Uma das coisas mais celebradas pela grande imprensa é a bunda. A televisão está lá - mostrando bunda de homem, o que, a nós, não interessa...
     “Não participei da elaboração do grande jornal diário e intenso. Como cronista, escrevia em casa. O jornal, gentilmente, mandava apanhar a minha matéria. Como jornalista, não tive a emoção da grande reportagem e dos grandes acontecimentos que eu teria de enfrentar numa fração de segundo para que a matéria saísse no dia seguinte”.
     “O fato ainda não acabou de acontecer/ E já a mão nervosa do repórter o transforma em notícia/ O marido está matando a mulher/ A mulher ensanguentada grita/ Ladrões arrombam o cofre/ A polícia dissolve o meeting/ A pena escreve/ Vem da sala de linotipos a doce música mecânica” (Poema do jornal)










A VOCAÇÃO
     “Eu acredito que a poesia tenha sido uma vocação, embora não tenha sido uma vocação desenvolvida conscientemente ou intencionalmente. Minha motivação foi esta: tentar resolver, através de versos, problemas existenciais internos. São problemas de angústia, incompreensão e inadaptação ao mundo”.
     “Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida” (Poema de Sete Faces - trecho)










ADEUS
     “Quem é que fala hoje em Humberto de Campos? Quem é que fala em Emílio de Menezes? Quem é que fala em Goulart de Andrade? Quem é que fala em Luís Edmundo? Ninguém se recorda deles! Não fica nada! É engraçado. Mas não fica, não. Não tenho a menor ilusão. E não me aborreço: acho muito natural. É assim mesmo que é a vida.
     “Não vou dizer como o Figueiredo: ‘Quero que me esqueçam!’ Podem falar. Não me interessa, porque não acredito na vida eterna. Para mim, é indiferente.
     “Nenhum poema meu entrou para a História do Brasil. O que aconteceu foi o seguinte: ficaram como modismos e como frases feitas: ‘tinha uma pedra no meio do caminho’ e ‘e agora, José?’. Que eu saiba, só. Mais nada.
     “Não tenho a menor pretensão de ser eterno. Pelo contrário: tenho a impressão de que daqui a vinte anos eu já estarei no Cemitério de São João Baptista. Ninguém vai falar de mim, graças a Deus. O que eu quero é paz”.
     “Quero a paz das estepes/ a paz dos descampados/ a paz do Pico de Itabira/ quando havia Pico de Itabira/ A paz de cima das Agulhas Negras/ A paz de muito abaixo da mina mais funda e esboroada de Morro Velho/ A paz da paz” (Apelo a meus dessemelhantes em favor da paz - trecho






EU-Aurélio,  qual é a função de   um curador numa festa literária?

AURÉLIO-. O curador deve selecionar os autores a ser convidados e programar as mesas de que eles participação, além de selecionar e orientar os mediadores. O principal papel, porém, é planejar as mesas de forma a garantir que haja "liga" entre os autores e mediadores em cada mesa.

EU--Foi difícil fazer a FLICA?

AURÉLIO- Sim e Não. Sim, porque foi uma luta de anos até viabilizá-la financeiramente. Não, porque uma vez resolvida a primeira parte (a viabilidade), conseguimos organizar bem a segunda parte, que é a parte do curador e da produção, para que tudo saia bem.



EU-O que vc achou da participação do público?


 Foi boa, mas temos que rever a questão do microfone. Há quem o pegue para fazer discurso e não perguntas aos autores. Isso tira o foco da mesa e irrita o restante do público.




EU-Vocês conseguiram a proeza de realizar uma das festas literárias mais lindas que já vi.Foi difícil recrutar tantos bons autores?

AURÉLIO-Os primeiros, foi. Mas depois de confirmados estes, os outros passaram a ter uma referência e ficou mais fácil. Mas alguns têm compromissos na data e não podem mesmo, é normal. Nunca uma programação imaginada será 100% confirmada.

EU-Muitos bons autores e poetas baianos se queixaram por ficar de fora.Como será a próxima escolha?

AURÉLIO- Ainda iremos definir os critérios. Nem todos que escrevem serão convidados. Seria impossível. Mas sempre haverá a participação de autores baianos, é certo.



EU-Olhando a FLICA por todos os ângulos não achei do que reclamar.Quais as mudanças previstas para o próximo ano?

AURÉLIO- É cedo para dizer como será 2012. Sabemos que haverá, por enquanto é só.

EU-Os cachoeiranos participaram,porém,querem mais.Que tal pensar em pequenos eventos tais com o saraus,oficinas, workshops ,lançamentos, enquanto se espera a próxima festa em 2012?

. São questões para o Estado e a Prefeitura resolverem. Cachoeira precisa se tornar uma atração turística visitada o ano todo. A Flica é parte disso, mas não é o todo.



EU-O custo de uma festa assim é alto.Vocês pretendem aliciar novos patrocinadores?


 São questões que não passam pela curadoria, mas espero que a produção consiga, sim. Quanto mais recursos eu tiver para trabalhar, melhor.




10-Deixe uma mensagem para meus leitores que acompanharam atentamente as matérias sobre a FLICA.




 O futuro do formato do livro é incerto. A necessidade de contato direto entre autores e leitores, não. Esse diálogo direto é o objetivo maior das festas literárias. Quanto à produção literária baiana, ela ganha com o contato mais próximo com a produção nacional e internacional. Nossos melhores autores na história literária sempre dialogaram com o mundo, isso fez parte do sucesso deles. Pode-se ser regional sendo universal ao mesmo tempo.

 -
Em 19 de outubro de 2011 11:00, Miriam de Sales Oliveira

Obrigada pela entrevista.





Estátua do Escritor,Budapeste,Hungria
Ah, copio abaixo o decálogo do autor,  completo, escrito por Por Miguel Sanches Neto.

Decálogo do escritor


I - Não fique mandando seus originais para todo mundo.Acontece que você escreve para ser lido extramuros, e deseja testar sua obra num terreno mais neutro. E não quer ficar a vida inteira escrevendo apenas para uma pessoa. O que fazer então para não virar um chato? No passado, eu aconselharia mandar os textos para jornais e revistas literárias, foi o que eu fiz quando era um iniciante bem iniciante. Mas os jovens agora têm uma arma mais democrática. Publicar na internet. Há muitos espaços coletivos, uma liberdade de inclusão de textos novos e você ainda pode criar seu próprio site ou blog, mas cuidado para não incomodar as pessoas, enviando mensagens e avisos para que leiam você.

II - Publique seus textos em sites e blogs e deixe que sigam o rumo deles. Depois de um tempo publicando eletronicamente, você vai encontrar alguns leitores. Terá de ler os textos deles, e dar opiniões e fazer sugestões, mas também receberá muitas dicas.

III - Leia os contemporâneos, até para saber onde é o seu lugar. Existe um batalhão de internautas ávidos por leitura e em alguns casos você atingirá o alvo e terá acontecido a magia de um texto encontrar a pessoa que o justifica. Mas todo texto escrito na internet sonha um dia virar livro. Sites e blogs são etapas, exercícios de aquecimento. Só o livro impresso dá status autoral. O que fazer quando eu tiver mais de dois gigas de textos literários? Está na hora de publicar um livro maior do que Em busca do tempo perdido? Bem, é nesse momento que você pode continuar sendo um escritor iniciante comum ou subir à categoria de iniciante com experiência. Você terá que reduzir essas centenas e centenas de páginas a um formato razoável, que não tome muito tempo de leitura de quem, eventualmente, se interessar por um livro de estréia. Para isso,
você terá de ser impiedoso, esquecer os elogios da mulher e dos amigos e selecionar seu produto, trabalhando duro para que fique sempre melhor.

IV - Considere apenas uma pequenina parte de toda a sua produção inicial, e invista na revisão dela, sabendo que revisar é cortar. O livro está pronto. Não tem mais do que 200 páginas, você dedicou anos a ele e ainda continua um iniciante. Mas um iniciante responsável, pois não mandou logo imprimir suas obras completas com não sei quantos tomos, logo você que talvez nem tenha completado 30 anos. Mas você quer fazer circular a sua literatura de maneira mais formal. Quer o livro impresso. E isso é hoje muito fácil. Você conhece um amigo que conhece uma gráfica digital que faz pequenas tiragens e parcela em tantas vezes. O livro está pronto. E anda sobrando um dinheirinho, é só economizar na cerveja.

V - Gaste todo seu dinheiro extra em cerveja, viagens, restaurantes e não pague a publicação do próprio livro. Se você fizer isso, ficará novamente ansioso para mandar a todo mundo o volume, esperando opiniões que vão comparar o seu trabalho ao dos mestres. O livro impresso, mesmo quando auto-impresso, dá esta sensação de poder. Somos enfim Autores. E podemos montar frases assim: Borges e eu valorizamos o universal. Do ponto de vista técnico, Borges e eu estamos no mesmo nível: produzimos obras impressas; mas a comparação não vai adiante. Então como publicar o primeiro livro se não conhecemos ninguém nas editoras? E aí começa um outro problema: procurar pessoas bem postas em editoras e solicitar apresentações. Na maioria das vezes isso não funciona. E, mesmo quando o livro é publicado, ele não acontece, pois foi um movimento artificial.

VI - Nunca peça a ninguém para indicar o seu livro a uma editora. Se por acaso um amigo conhece e gosta de seu trabalho, ele vai fazer isso naturalmente, com alguma chance de sucesso. Tente fazer tudo sozinho, como se não tivesse ninguém mais para ajudar você do que o seu próprio livro. Sim, este livro em que você colocou todas as suas fichas. E como você só pode contar com ele...

VII - Mande seu livro a todos os concursos possíveis e a editoras bem escolhidas, pois cada uma tem seu perfil editorial. É melhor gastar seu dinheiro com selos e fotocópias do que com a impressão de uma obra que não será distribuída e que terá de ser enviada a quem não a solicitou. Enquanto isso, dedique-se a atividades afins para controlar a ansiedade, porque essas coisas de literatura demoram, demoram muito mesmo. Você pode traduzir textos literários para consumo próprio ou para jornais e revistas, pode fazer resenhas de obras marcantes, ler os clássicos ou simplesmente manter um diário íntimo. O importante é se ocupar. Com sorte e tendo o livro alguma qualidade além de ter custado tanto esforço, ele acaba publicado. Até o meu terminou publicado, e foi quando me tornei um iniciante adulto. Tinha um livro de ficção no catálogo de uma grande editora. E aí tive de aprender outras coisas. Há centenas de livros de iniciantes chegando aos jornais e revistas para resenhas e uma quantidade muito maior de títulos consagrados. E a maioria vai ficar sem espaço nos jornais. E é natural que os exemplares distribuídos para a imprensa acabem nos sebos, pois não há resenhistas para tantas obras.

VIII - Não force os amigos e conhecidos a escrever sobre seu livro. Não quer dizer que eles não possam escrever, podem sim, mas mande o livro e, se eles não acusarem recebimento ou não comentarem mais o assunto, esqueça e não lhes queira mal, eles são nossos amigos mesmo não gostando do que escrevemos. Se um ou outro amigo escrever sobre o livro, festeje mesmo se ele não entender nada ou valorizar coisas que não julgamos relevantes em nosso trabalho. E mande umas palavras de agradecimento, pois você teve enfim uma apreciação. E se um amigo escrever mal de nosso livro, justamente dessa obra que nos custou tanto? Se for um desconhecido, ainda vá lá, mas um amigo, aquele amigo para quem você fez isso e aquilo.

IX - Nunca passe recibo às críticas negativas. Ao publicar você se torna uma pessoa pública. E deve absorver todas as opiniões, inclusive os elogios equivocados. Deixe que as opiniões se formem em torno de seu trabalho, e talvez a verdade suplante os equívocos, principalmente se a verdade for que nosso trabalho não é lá essas coisas. O livro está publicado, você já pensa no próximo, saíram algumas resenhas, umas superficiais, outras negativas, uma muito correta. Você é então um iniciante com um currículo mínimo. Daí você recebe a prestação de contas da editora, dizendo que, no primeiro trimestre, as devoluções foram maiores do que as vendas. Como isso é possível? Vejam quantos livros a editora mandou de cortesia. Eu não posso ter vendido apenas 238 exemplares se, só no lançamento, vendi 100, o gerente da livraria até elogiou – enfim uma vantagem de ter família grande.

X - Evite reclamar de sua editora. Uma editora não existe para reverenciar nosso talento a toda hora. É uma empresa que busca o lucro, que tem dezenas de autores iguais a nós e que quer ter lucro com nosso livro, sendo a primeira prejudicada quando ele não vende. Não precisamos dizer que é a melhor editora do mundo só porque nos editou, mas é bom pensar que ocorreu uma aposta conjunta e que não se alcançou o resultado esperado. Mas que há oportunidades para outras apostas e, um dia, quem sabe...Foi tentando seguir estas regras que consegui ser o autor iniciante que hoje eu sou.
Texto recebido da amiga Natália Alexandre a quem agradeço 
--
As amigas Geisa e Natália no Clube do Livro Saraiva








DICAS DA THALITA REBOUÇAS

"[...] as interrogações sempre fazem sentido. Afinal, para ser escritor não existe faculdade, não existe curso, você simplesmente vira escritor. Assim, do dia para a noite. Num estalar de dedos. Como não existe receita, resolvi botar aqui algumas dicas básicas, dicas que respondem a maioria das perguntas que recebo. Para minha alegria, elas têm ajudado muita gente que está perdida e não sabe por onde começar. Espero que te ajudem também.



Mas se você sonha em ser escritor e ainda não botou as manguinhas de fora:
1) Nunca é tarde para correr atrás de um sonho. Zélia Gattaicomeçou a escrever aos 63 anos, furou as orelhas aos 80 e hoje é imortal. Mas comece logo. Agora, se possível, tenha você 15 ou 80 anos. Escrever um livro leva tempo, então por que esperar mais? Cada dia de espera é um dia perdido, não volta mais. Aliás, esta dica serve para qualquer sonho que você tiver. Acredite e comece a se mexer. Ficar em casa assistindo à Sessão da Tarde não ajuda nada.


Lembrei-me agora de uma passagem do primeiro livro do Amyr Klink, Cem dias entre Céu e Mar, em que ele conta uma coisa muito bonita. Seu medo maior não era das tempestades, dos tubarões ou da solidão. Seu medo era de nunca sequer partir para tentar realizar o seu sonho de cruzar o Oceano Atlântico remando. Não tentar pode ser muito, muito mais doloroso do que fracassar. Portanto, por mais difícil que possa parecer, NÃO DESISTA!


2) Não se preocupe se os seus primeiros textos não forem um primor. É muito difícil acertar a mão logo de primeira. Continue tentando, continue insistindo. Você vai melhorar. Como dizem os ingleses, "a prática traz a perfeição". Escreva e reescreva cada parágrafo, cada capítulo dezenas de vezes, se necessário. Eu só paro de alterar um livro quando a editora me obriga a entregar os originais para iniciar o processo de publicação.
3) Aliás... o ato de escrever se resume, basicamente, a duas etapas: a primeira consiste em despejar a história no papel. A segunda, minha preferida, em burilar esse texto "despejado". Lembre-se de que, como disse o filósofo francês Voltaire, escrever é a arte de cortar palavras. Acredite, é um dos melhores conselhos para quem quer viver de escrever. Não tenha pena do seu texto, corte, corte mais uma vez, mais uma. Limpe as arestas, enxugue as gorduras, mesmo, sem dó nem piedade. Assim, seu texto fica mais enxuto a cada leitura, a cada tratamento e, um belo dia, ele vai estar pronto, tinindo, apenas esperando que você dê a partida e o envie para as editoras.


4) Se você é do tipo que entra em pânico diante de uma tela de Word em branco, compre um gravadorzinho. É uma excelente ferramenta de trabalho, vivo com o meu para cima e para baixo para não deixar as idéias sumirem na memória. Muita gente me diz que o difícil é começar a escrever, que dá um branco, parece que tem uma barreira etc. Com o auxílio do gravador, você simplesmente conta a história para você mesmo. Acredite, depois fica fácil passar para o papel. Você começará apenas transcrevendo suas idéias mas, aos poucos, vai tomar gosto pela escrita e pelo processo de lapidação de texto. E posso adiantar uma coisa? Prepare-se, é uma delícia.

5) Uma forma bem bacana de praticar a escrita (e também de aprender a encarar as críticas numa boa) é criar um blog. Eles proliferam na internet e vieram ao mundo para mostrar o talento de muita gente que andava escrevendo escondida por aí. Além de ser uma maneira de mostrar a sua cara (e seu texto, claro), o blog pode te ajudar a ser encontrado por uma editora, já que cada vez mais a web se firma como celeiro de bons escribas. Se quiser conhecer o meu blog, clique aqui.
6) Não escreva sem saber aonde quer chegar, fica muito difícil. É claro que você pode – e deve – mudar a sua história ao longo do tempo, mas sempre tenha um objetivo definido. Um exemplo: quando comecei a pensar em escrever o Tudo por um Pop Star defini que seriam três amigas, fãs fanáticas (e desastradas), capazes de fazer as maiores loucuras para chegar perto de seus ídolos. Os detalhes vieram depois, nasceram enquanto eu escrevia.


7) Escolha um tema familiar, com o qual você se sinta à vontade. E pesquise o quanto for preciso para dar consistência ao seu romance. Com a Internet, pesquisar os mais diversos assuntos ficou bem mais fácil. E é uma das partes mais gostosas do trabalho de escrever um livro.
8) Se a história empacar, deixe o livro de lado por algum tempo, mas não desista. De tanto revisar uma parte, você pode acabar não vendo mais o que precisa ser corrigido. Deixe o texto descansar por algumas semanas e depois volte a ele com olhos renovados. Problemas que pareciam insolúveis se resolvem naturalmente.

9) Observe. Tudo. No carro, na portaria, no elevador, na night,observe tudo e todos. O cotidiano é uma infindável fonte de inspiração (bebem dela grandes autores, como João Ubaldo Ribeiro, Mário Prata e Fernando Sabino, só para citar alguns). Um comentário aparentemente inútil e sem importância que você ouviu no elevador pode render idéias saborosas para crônicas, contos e até romances. Fique de olhos e ouvidos bem abertos! Sempre.

10) Cuidado com a opinião de amigos ou mesmo de parentes. Ela pode ser desfavorável (ou não tão otimista quanto você esperava) e abalar a sua garra. Lembre-se de que a última coisa que os pais de Paulo Coelho desejavam era que ele se tornasse escritor. E quem vai dizer agora que ele estava errado? Além do mais, seu livro, por mais que você o ame e o ache perfeito, sempre desagradará a alguém. Nenhum livro (nenhum, mesmo!) tem aprovação unânime. Se alguém criticar seu texto, procure encarar com naturalidade. É difícil, mas é preciso.

11) Molho. Massa sem molho é uma lástima. Fica uma coisa sem graça, insossa, zero apetitosa. Texto sem molho é isso aí e mais um pouco. Escrever corretamente é uma coisa. Escrever com molho é outra. Uma boa história é capaz de prender o leitor. Mas uma boa história com molho pode conquistá-lo e ser o ingrediente que levará seu projeto de livro para frente. Luis Fernando Veríssimo, Fernando Sabino e João Ubaldo Ribeiro são ótimos exemplos de autores que sabem dar molho ao que escrevem.
12) Leia. Leia muito. Livros, jornais, revistas, bulas de remédio, manuais de máquinas fotográficas, blogs, gibis, não importa. É lendo que ficamos em contato com a matéria-prima de todo e qualquer escritor: a língua portuguesa. É como o treino para um jogador de futebol. Sem leitura, um escritor que podia ser craque vira apenas mais um perna-de-pau.
Para quem já está com seu primeiro original prontinho
1) Registre seus originais na Biblioteca Nacional antes de enviá-los a uma editora. O procedimento é simples e está descrito no site da instituição. Importante: este registro não precisa ser enviado para as editoras junto com os originais.
2) Envie, junto com uma carta de apresentação caprichada, umexemplar encadernado para todas as editoras que você acha que têm perfil para publicar o seu livro. Muita gente me pergunta se pode mandar os originais em formato digital. Melhor não. O ideal é que seus originais cheguem à editora impressos e encadernados. Mas isso é o óbvio, né?
Só que é preciso tomar alguns cuidados. Se você simplesmente enviar os originais num envelope pardo, pode ter certeza de que ele vai acabar numa pilha que, usualmente, vai do chão ao teto. As editoras simplesmente não conseguem avaliar todos os originais que chegam para elas.
Para que isso não aconteça, invente uma forma criativa de se destacar dos outros candidatos a escritor. Exemplos: mande os originais numa caixa enorme, cheia de balas. Ou mande numa caixa colorida. Ou o que mais você inventar para aparecer mais do que osoutros.
Claro que você pode ter sorte, como teve ninguém menos que J. K. Rowlling, a criadora de Harry Potter, o bruxinho mais famoso e milionário do mundo. Foi do topo de uma pilha dessas que foi pego seu primeiro original, simplesmente porque um compromisso do agente foi cancelado. Mas, na dúvida, vamos sempre tentar dar uma mãozinha para a nossa sorte.
3) Coloque um pinguinho de cola a cada dez páginas dos seus originais. Assim, quando uma editora qualquer devolver seu texto alegando não ter interesse em publicá-lo, você poderá checar se ele foi ao menos lido e avaliado. Meu marido, o Cao, fazia isso quando não tinha ainda nenhum livro publicado e denominou a técnica de "colagem anti-depressão". Muito útil. Diversas vezes ele recebeu de volta os originais e pôde verificar que eles não tinham sido sequer folheados.
4) Se depois de um ano você não receber nada a não ser cartinhas do tipo "que pena, mas para os próximos meses nossa programação já está fechada", comece a cogitar uma pequena edição independente. Voltando ao exemplo do Cao, essa foi a decisão dele e, após a venda de 800 exemplares (nos bares, em pequenas livrarias etc.), ele acabou sendo convidado pela Editora Record para reeditar seu primeiro livro, O Brilho dos Pássaros, e, em seguida, lançar o segundo, A Janela Entreaberta.


5) Se for fazer sua edição independente, muitíssimo cuidado com a escolha da capa, do título e com o preço final para o leitor. Quanto mais barato um livro, mais fácil vendê-lo – principalmente quando se trata de um autor iniciante. O título e a capa, claro, devem ser bonitos e bem cuidados. Mas também precisam ser comerciais eespelhar bem o conteúdo do romance.
Um exemplo de livro com título poético e capa bonita que não funcionam bem comercialmente é O Brilho dos Pássaros, do Cao (mais detalhes em www.carlosluz.com.br). O livro conta o que acontece a um rapaz de 20 e poucos anos após a sua morte, mas se o provável leitor não pegar o livro e ler a contracapa jamais descobrirá. Acho que é só isso que ainda impede esse romance de se tornar um imenso sucesso, mas com o tempo ele chega lá, tenho certeza. Tudo teria sido muito mais rápido se o título escolhido tivesse sido, por exemplo, Depois que morri.
6) Por mais que você ame desenhar e seja um ótimo ilustrador, deixe a capa aos cuidados da editora. Não que você não possa opinar e dar sugestões quando chegar a hora, mas a palavra final nas capas dos livros costuma ser da editora.
7) Mandar os originais em formato de livro pronto também não impressiona as editoras. Elas são 100% responsáveis pela parte gráfica de um livro (tipo de letra, encadernação, capa, contracapa, tudo). A parte que cabe ao escritor é apenas o texto.
8) Muita gente me escreve perguntando como é feito o pagamento aos escritores. Normalmente, as editoras pagam 10% do preço de capa trimestralmente.
Por enquanto é isso, mas aos poucos eu boto mais dicas por aqui
.Fonte: http://www.thalita.com.br/index.html















Publicar em papel? Pra quê?
Julio Daio Borges http://www.digestivocultural.com/home/imagens/feeds2.jpg


Nove entre dez escrevinhadores que me aparecem, desejam, ardentemente, publicar em livro. Não sou editor de livros, sou editor de internet, mas pressinto que – na maioria dos casos – o meu site é visto como um ritual de passagem para finalmente, um dia, estrear em livro. Continua como uma das mais fortes ilusões, mesmo nos dias de hoje. Aqui, eu pretendo demonstrar, contudo, que publicar em livro pode ser – como aliás é, na maior parte das vezes – uma tremenda de uma fria. E por uma razão bastante simples: muito do que se espera de um livro com o próprio nome na capa, a internet já oferece, de graça, para estreantes na arte da escrita.

É mais fácil, em termos de raciocínio – e para não dizerem que eu generalizo – tomar o meu caso, nos verdes anos em que eu ainda escrevia. Eu pegava um livro do Rubem Fonseca, por exemplo. Olhava a capa, virava, apalpava, apreciava a lombada. Naquela época – os anos 90 –, os livros da Companhia das Letras eram tão incomparavelmente mais bonitos que todo mundo queria publicar por ela. (Ainda querem, eu sei...) Eu escrevia mas, provavelmente, não queria fazer literatura – eu queria publicar. Ter meu nome nas estantes. Ir ao Jô Soares e impressionar o mesmo jovem da minha idade que, de repente, entrando numa livraria, se aventuraria a comprar um livro. Eu não sabia nada da vida dos escritores. Eu não tinha nenhuma noção de como funcionava o mercado editorial. Mas eu me achava bom, acreditava, claro, que merecia ser (re)conhecido – e publicar, então, era meu objetivo.

Os jovens escrevinhadores, de lá pra cá, não mudaram muito. A diferença é que, além do Rubem Fonseca, podem, agora, lamber com os olhos os livros de escritores estreantes – tão ruins ou piores do que seu potencial público leitor. De modo que é bastante freqüente a pergunta: “Se até esse sujeito publica, por que eu não posso (também publicar)?”. Pode. Não custa tão caro; algumas editoras até se dispõem a fazê-lo... (traindo, naturalmente, sua função primordial de “editar”). A questão é que, depois de publicar, não acontece nada. Não acontece nada do que você, jovem escrevinhador, imaginava que fosse acontecer. Pergunte para os blogueiros-escritores. Eles estão disponíveis aí na internet, no e-mail. Os livros fizeram deles, autores, mais conhecidos do que já eram com seus blogs? A resposta é: não. A resposta é: existem, atualmente, blogueiros mais famosos do que autores de livros lançados aos montes no mercado editorial.

Vamos agora ver onde está o erro de quem almeja publicar em livro. Em primeiro lugar – apesar da quantidade de livros de novatos que você encontra –, o autor novo é considerado um “mico” pelos profissionais do mercado. Pergunte a qualquer agente literário. Pergunte a qualquer livreiro. Autores novos chegam semi-analfabetos, com seus originais, às editoras; algumas os lançam mas, depois, não conseguem nem distribuir; afinal, ninguém os conhece, nenhuma livraria quer... E é igual na mídia: neste mundo de autores de best-sellers que publicam todo ano (nacionais e estrangeiros), e das reedições infinitas (e traduções novas – a moda agora são os autores russos), não sobra espaço para a divulgação de estreantes. E os livros deles são ruins! Muito comumente, os autores pagam para publicar – e o editor termina por se eximir da sua única obrigação (editar, mais uma vez). “O leitor que julgue”, dizem. Coitado do leitor: tem de arcar com quase todo o prejuízo sozinho.

Seguindo essa cadeia de premissas: o dono da livraria não pega para vender (porque sabe que não vende), então ninguém vê exposto, portanto ninguém compra; o jornalista não pega para ler (porque, quando tenta, estatisticamente, não consegue avançar), assim ninguém fica sabendo e, de novo, ninguém compra. Resultado: o autor estreante não alcança seus potenciais leitores; termina menos conhecido – e, com certeza, mais pobre – do que antes. Ah, eu sei: você pode ter uma idéia genial, que ninguém ainda teve; convencer, ao mesmo tempo, o editor, o livreiro, o divulgador e o leitor. E vai ser, óbvio, um sucesso estrondoso. Mas você se esqueceu? Você é um autor novo! Para todos os efeitos, ninguém vai olhar para a sua cara. Os editores estão cansados dos originais sem qualidade que recebem de desconhecidos todos os dias; os livreiros estão escaldados por ter de pagar a conta das pequenas editoras falidas; o resenhista não tem mais paciência para as primeiras páginas que não o convencem da leitura; e os leitores, por causa de tudo isso, não vão chegar a saber que você existe (você e seu livro).

Qual a solução? Se matar? Não, ainda... Desde os anos 90, existe um negócio chamado internet (não sei se você sabe...). E desde os anos 2000, ou desde antes, existe um negócio chamado blog. O autor, qual seja, não precisa mais esperar por um editor, para ter seus escritos publicados. Nem precisa de alguém para distribuir, para divulgar. Só precisa ter leitores; ou seja, como qualquer escritor (publicado ou não), precisa ir conquistando leitores aos poucos. E esse é hoje o verdadeiro teste para dizer se um autor é bom ou não (se quiserem, publicável ou não): a audiência on-line. Na internet, no blog, ninguém está olhando para a embalagem que envolve seus escritos; ninguém está ligando para o local onde sua obra foi exposta. Se você for bom, você vai ter leitores, ponto. (Que é o que interessa, no final das contas.)

Mais uma coisinha: os leitores da internet, os leitores de hoje, não estão acostumados a ler “contos”, “novelas”, “romances” (seja menos pretensioso...). Os internautas – o grosso do potencial público leitor – estão voltando a ler aos poucos. Então não me venha com contos que “experimentam” com a linguagem, nem com romances desestruturados e com centenas de páginas. Escreva para a internet; a internet é o grande laboratório hoje. E os feedbacks vêm na hora: você não tem de esperar o leitor se convencer a procurar o livro, comprar, ler inteiro, para, só assim, gostar ou não. É muito difícil, custa dinheiro e – vamos admitir – você é um autor novo: você ainda não é suficientemente importante para ele, leitor, a ponto de justificar todo esse dispêndio de energia e tempo. Seja franco: você compraria um livro de um autor desconhecido? E, se ganhasse de presente, você leria? Não tenha vergonha de admitir, eu também não faria nenhuma das duas coisas em princípio. Agora se me mandassem um link para um blog, – como você – eu leria. São muitos blogs, sim, mas eu tento ler. Agora, os livros...

Conheço um blogueiro que é muito mais conhecido do que seus livros de títulos horríveis. E ele é um blogueiro tão bom – tão, assustadoramente, bom – que ninguém tem coragem de dizer para ele que os seus livros são ruins. Então ele insiste; e, de tempos em tempos, anuncia que vai largar esse negócio de blog, que ele não quer envelhecer blogando, que ele é, acima de tudo, um escritor (!). Evidentemente, não garanto que, se você for um blogueiro competente, você vá publicar, como quer, um livro em papel. Mas vai ficar mais perto do que as pessoas querem ler hoje; não vai ter de esperar anos, ou a vida inteira até, para constatar que seus livros são uma porcaria. Ambições literárias são saudáveis para quem escreve, mas publicar um livro não pode ser o único fim hoje. Publicar, como diz o clichê, é tornar público – e, nesse sentido, a internet vai muito mais longe do que o livro. Pense nisso.

Julio Daio Borges http://www.digestivocultural.com/home/imagens/feeds2.jpg
São Paulo, 18/5/2007
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10 COISAS Q/ UM CANDIDATO A ESCRITOR PRECISA SABER

                                    Douglas Eraildo


Há uma boa parte dos visitantes que chegam ao Listas Literárias buscando informações sobre concursos literários, ou sobre novos escritores, ou como se tornar escritor. É fato que este blogueiro – Em breve estarei lançando 2 livros - além de ser uma destes aspirantes, também tem pesquisado muito sobre o assunto , e resolvi partilhar algumas conclusões, que podem ou não ajudar  a quem almeja uma carreira como escritor.

1 – Você não é melhor que Stephenie Meyer, ou qualquer outro autor famoso contestado. E por mais doido que isto pareça muitos aspirantes se baseiam em autores cuja crítica ás vezes incomoda como única justificativa para se lançarem na carreira. A filosofia “se até ela conseguiu, eu também consigo” não é a melhor forma de pensar de quem ainda é um aspirante. Todo mundo que alcança o sucesso, é porque teve alguma qualidade. O que não quer dizer também que você nunca chegará lá. Mas no princípio jamais seremos melhor  do que aqueles que estão nas bancas;

2 – Não basta escrever. Mesmo que você tenha ótimos textos, uma narrativa original, e até mesmo um bom número de leitores, isto não é suficiente. O aspirante a escritor tem de compreender o mercado editorial, saber cada passo que torna um texto um livro, pois só assim compreenderá que quem realmente quer ingressar nessa carreira, deve ter paciência, e não se martirizar em busca de resultados imediatos, pois para ser um escritor, o tempo é o melhor amigo;
 – Leia. Este provavelmente é um conselho unânime dado por escritores que já chegaram lá. Talvez martelem isto por que existem aspirantes que acreditam poder escrever sem ler. Mas, isto é impossível, portanto se queres te tornar um escritor, é necessário que  sejas antes um grande leitor;

4 – Conheça as receitas, mas prefira a sua. Na internet aspirantes a escritor podem encontrar uma infinidade de dicas para quem quer ser um escritor – inclusive esta -. Leia cada uma delas , e busque extrair a essência de cada uma delas, mas saiba que para cada autor, as coisas acontecem de determinada fórmula, e com você não será diferente. É muito mais provável você chegar ao sucesso com sua própria receita, do que seguir os passos que já foram trilhados;

5 – Escreva muito. Não basta escrever um romance. Todo escritor necessitará do hábito. A ciência inclusive cogita que o sucesso pode estar ligado á quantidade de exercícios e horas dedicada a sua atividade. Portanto o escritor que elabora textos com certa freqüência, terá provavelmente como resultado o aperfeiçoamento de sua escrita. Então jamais deixe de escrever. Faça um blog, envie um artigo pra jornal... Escreva sempre.

6 – A gaveta é sua inimiga. Convenhamos a timidez ou o medo não são os melhores amigos dos escritores. Você pode ter escrito um grande romance, mas se ninguém lê-lo,  jamais será reconhecido. E por mais que a gaveta se insinue como uma grande confidente não é o melhor lugar para guardar seus textos.

7 – Não tenha medo. Aspirantes a escritores não podem ter medo. Sei que ás vezes novos escritores podem ser atingidos por diferentes temores, mas só galgam a vitória e o sucesso os destemidos, e isto amigos, ocorre desde que o mundo é mundo. Não tenha medo de mostrar seu original, não tenha medo de investir em seu trabalho, não tenha medo do que os outros vão achar... Trace suas metas, encontre a sua receita, e vá em frente.

8 – Não tenha medo do não! Eles virão de todas as formas. Principalmente de grandes casas editoriais. E entenda que eles não têm culpa, nós é que estamos prolíficos, e hoje há muita gente desejando ser o próximo Best-seller. E “não” será uma palavra habitual a ouvirmos, e é necessário lidarmos com esta palavra, afinal o mesmo ocorre com atores, modelos, cantores... Em qualquer profissão você poderá ser dispensado. No mundo dos livros não será diferente. É só chegarão ao cume os que não esmorecerem com os nãos que surgirão!

9 – Só roubarão sua idéia se você deixar. Sim esta é uma grande preocupação de novos autores. Muitos temem que sua idéia seja roubada. Confesso que acho muito difícil, mas cuidado e canja de galinha não faz mal a ninguém. Para isso tem a Biblioteca Nacional, ou ainda sites em que te permitem publicar sua obra completa como o Bookess. Eu inclusive prefiro este último, já que além de certa forma tornar público que aquela obra é de minha autoria, também posso obter a reação inicial dos leitores;

10 – Aproveite cada “Sim!”. Se houver persistência eles chegarão. Aí você terá a tarefa de triar se  este “Sim!’ está de acordo com sua própria receita de sucesso. E se estiver, siga em frente, pois amigo,. será o seu empenho, a sua dedicação, a sua vontade de conseguir que dirá se terá ou não sucesso.












Texto de Carlos kiefer

Recebi, meses atrás, a prestação de contas de direitos autorais do primeiro trimestre de 2010, de uma de minhas editoras. Um dos livros de que mais gosto, e ao qual dediquei um esforço especial, Logo tu repousarás também, de contos, vendeu, em três meses, 3 exemplares! Isto mesmo. Do Oiapoque ao Chuí, vendi três exemplares. Receberei, sobre estas vendas, R$ 8,47 (oito reais e quarenta e sete centavos)!

Esta é a realidade dos escritores brasileiros. Certo, talvez seja apenas a minha realidade. Na década de 80-90 do século passado, eu vendia milhares de exemplares de Caminhando na chuva, por semestre. Hoje, em editora grande, publicado em São Paulo, vendo entre 25 e 40 exemplares por bimestre. Vendo hoje cinquenta vezes menos do que vendia há uma década.

O que houve? Por que os meus leitores me abandonaram?

Em primeiro lugar, porque os meus textos ficaram obsoletos. A realidade, e é sobre isso que escrevo, não tem mais apelo mercadológico. Quem se interessa pela vida de sem-terras e pequenos agricultores, e outros infelizes e deserdados que habitam a minha Pau-d'Arco imaginária?

Tentei o assassino em série, migrante na capital, e não acertei. Escrevi um livro complicado, demoníaco, como sugeriu um crítico local, O escorpião da sexta-feira, que assusta, incomoda, e os novos leitores querem amenidades. Na era do hedonismo e da imortalidade, lembrar às pessoas que um dia elas irão repousar sob sete palmos de terra, como se dizia antigamente, é fazê-las largar o livro antes que ele queime as mãos desavisadas.

Em segundo lugar, porque ninguém mais compra livros. Ao menos não os meus! Enquanto o meu blog já foi lido por mais de 12 mil pessoas nos últimos três meses, vendi 3 exemplares de meu melhor livro de contos!

Em terceiro lugar, porque o número de escritores, na última década, multiplicou-se geometricamente, enquanto que o número de leitores (de livros) aumenta aritmeticamente, se é que aumenta. (Suspeito de todas as informações que dizem que os livros estão vendendo cada vez mais). Provei, estatisticamente, que a Feira do Livro de Porto Alegre perdeu, no último lustro (alguém ainda se lembra que isso significa quinquênio?), mais de 30 por cento de seus compradores.

Pela inflação no mercado brasileiro de escritores, sou diretamente responsável, pois minhas oficinas lançam no sistema literário dezenas de excelentes novos autores e autoras a cada ano. Há 15 anos, um grande escritor dos pampas me disse: "Pô, tu estás jogando contra a gente! Daqui a pouco, não teremos mais leitores".

Ele tinha razão.

Só me resta, agora, convencer aos meus alunos a comprarem livros. Alguns não compram sequer os lançamentos dos colegas. Não conheço tipo social menos solidário que escritor. Eu mesmo, que compro uma boa quantidade de livros de meus alunos em seus lançamentos (mas somente obra que tenha passado pelo meu crivo editorial), não o faço por caridade. A despesa que tenho já está embutida no preço da mensalidade...

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no blog de Charles Kiefer


Charles Kiefer http://www.digestivocultural.com/home/imagens/feeds2.jpg
Porto Alegre, 13/9/2010









 Sei. Bom, então agora vamos procurar a sua editora. Não adianta sair dando tiro para tudo quanto é lado. O approach correto com as editoras é parte vital para o sucesso do seu livro.
O primeiro passo é saber que tipo de editora tem a cara do seu livro. Cada uma tem sua linha editorial; e isso é muito mais relevante do que a qualidade da sua obra prima.
 A Editora Cosac & Naify por exemplo não publica auto-ajuda. A Conrad dá preferência a livros com temas ousados que causem reflexão.
A Brinque Book só infantis, a ArxJovem só juvenis (note a diferença) e assim por diante.
Vale a pena dar uma olhada na livraria para saber o que cada um está publicando. Veja também se a editora em questão tem no catálogo autores brasileiros, se ela tem site e se possui alguma política de avaliação de originais.
 Se sim, pimba! Pode mandar e cruzar os dedos.
Mandei pra editora. E esperei. Esperei. Esperei.
Então espera mais um pouquinho, e sentado! Demora mesmo. Imagine o quanto de originais uma editora recebe. Vale a pena ficar ligando lá? Eu acho que não, além de soar antipático. Possivelmente eles lhe darão uma resposta em até seis meses, nem que seja um NÃO na cara dura. Mas se for um SIM…
SIM! Vão publicar meu livro!
Legal, parabéns! Mas espera lá.
Dificilmente (leia-se: impossivelmente) a editora vai publicar seu livro tal qual foi escrito. É bem provável que ele passe por um crítico literário, que o avaliará de acordo com a linha editorial, fará observações e sugestões pontuais que você deverá seguir ou não.
 O trabalho do crítico literário é essencial, e suas considerações devem ser refletidas. Ao contrário da sua mãe e dos seus amigos, ele vai analisar seu trabalho friamente não poupará críticas construtivas.
O trabalho do crítico leva de duas semanas a um mês. Após essa primeira leitura, você altera o texto e reenvia para a editora, que o reavalia e, se estiver tudo ok, envia para revisão. Então, você revisa a revisão, ou como dizem, re-revisa.
Finalmente o texto vai para a diagramação e ilustração, se for o caso.
 Nessa etapa do processo é criado o projeto gráfico, que envolve capa, escolha de fontes, papel, etc. Seu envolvimento não é necessário e, em muitos casos, indesejado. Saiba dar espaço para as pessoas trabalharem, ninguém está interessado no seu fracasso e toda a ajuda nesse começo é bem-vinda.
Quando você enviar seus originais a uma editora, prepare uma boa apresentação do livro, discorrendo detalhadamente sobre a proposta dele e apresentando argumentações. Prepare também um currículo, contando sobre as suas experiências profissionais. Imprima seu livro em folhas brancas e que proporcione boa visualização. Junte todo esse material, coloque em um envelope e envie.
Não é necessário preparar um layout diferenciado. Apenas digite o texto no programa word, letra Times New Roman fonte 12. Evite cores exóticas, dando preferência ao preto. Não prepare ilustrações ou sugestões de capa. A editora não valoriza esse tipo de trabalho e poderá, ainda, ficar irritada ao receber vários desenhos junto com o livro. Também não perca tempo escrevendo a orelha ou a contracapa; isso é tarefa da editora.

Não esqueça: faça uma bela revisão no seu texto e ainda contrate um bom revisor. Quanto menos erros o original tiver, maior será a chance dele  ser publicado. Coloque seus dados pessoais (nome, telefone e endereço) na primeira página do livro para que a editora possa entrar em contato, enviando uma carta com a mensagem “infelizmente, a sua obra não se encaixa com a proposta da editora” ou telefonando para dar o “sinal verde”.
Fonte(s):Internet








  E A DEDICATÓRIA?
                            LAURO VALENTE


Nesse mundo maluco, onde a tecnologia anda desenfreadamente rumo ao céu, não paramos de criar novidades. Todo dia a mídia veicula uma nova reportagem demonstrando mais uma inovação que trará mais benefícios a todos nós. Uma das ondas de vertiginosa repercussão foi sobre ostablets.
Felizmente isso atingiu em cheio os livros, que se tornaram e-books. E com e-books, passamos a ter e-writers, e-readers, e-publishers e-etc. Tal advento foi fantástico para as obras escritas, tendo em vista que as chances para divulgar informações se tornaram ainda maiores.
Só coisa boa? Aparentemente sim, vale a pena salientar, no entanto, que existem possíveis melhorias para os e-books.
Para explicar, tomemos o exemplo do buzz virtual ocorrido em fevereiro deste ano sobre o caso dae-writer Amanda Hocking. Ela iniciou seus trabalhos há bastante tempo, mais precisamente há 20 anos, e após uma tsunami de fama, que perdurou cerca de uma semana, atingiu um milhão de livros baixados. Incrível não é?
Já passou.
O buzz foi substituído por qualquer outra coisa. Mas a escritora ficou. Talvez solitária, talvez não. Quem sabe esteja mais feliz, ou então mais triste.
Mas lá está ela, com seus milhões de leitores sedentos por novas publicações. Dentre esses, alguns fãs aguardam ansiosamente por uma oportunidade de conhecê-la, ou ir à sua noite de autógrafos, para talvez conseguirem uma dedicatória.
O e-book, infelizmente, quebra parcialmente esse laço, colocando um ponto a se pensar para o futuro próximo. Como ir ao lançamento de um livro virtual, ou então pedir uma dedicatória?
Sabemos que a tecnologia nos provê tanta flexibilidade que podemos resolver isso de maneira extremamente simples. Não me surpreenderia ao ver, em breve, os e-lançamentos, ou então as e-dedicatórias.
Só então, sentiria que os e-books são, de fato, livros eletrônicos.
Que tal?
EXTRAÍDO DE “LIVROS E AFINS”








PREPARE-SE!
Esta é uma carta padrão que as grandes editoras mandam para você,caro amigo,ao recusar ,delicadamente seu livro.
Quer publicar?
Meta os peitos,opte pela auto-publicação,corra os riscos,tomando precauções,é claro,mas, nunca desista dos seus sonhos!


Prezado autor,
Agradecemos seu interesse em tornar-se um autor de nossa casa. Seu original foi avaliado por nosso conselho editorial, composto por escritores, leitores e críticos. Há nele o vigor de um jovem escritor aliado a criteriosa qualidade da escrita, sem deixar de lado o apelo comercial. A história é cheia de nuances que prendem a atenção até a última palavra, o que realça mais a potencialidade da obra. No entanto, optamos por programar nossas edições com bastante antecedência, o que nos deixa com uma quantidade suficiente de títulos a publicar, já aceitos, pelos próximos três semestres — o que torna inviável o aceite do seu original. Esperamos que obtenha sucesso em sua tentativa de publicação.
Atenciosamente,
Editorial











A VÍRGULA,ESSA TRAIÇOEIRA
A vírgula não foi feita para humilhar ninguém.
                                                     J.Cândido de Carvalho

Conheço muito intelectual de primeira que se afoga nas vírgulas.
A danada nos deixa em muito má situação.
Quando usar? Onde?  Como ?Porque?
Diabo de coisinha tão pequena que aflige tanto a gente  que vive de palavras.
A palavra vírgula, oriunda do Latim , quer dizer varinha.E, tomamos muita surra desta varinha, ora se!
Podia ser também traço ou linha.Quando foi promovida a sinal de pontuação passou a indicar pausa rápida .
Desde garotinha,a vírgula adora polemizar.
Alguns,como eu,não ligam prá ela; o texto é meu portanto a  ponho aonde quero.Outros usam e abusam dela.Questão de gosto ou de gramática? Decida-se!
Mas, há  casos em que    a vírgula, mesmo sem ser funcionária pública, pode ser facultativa.
Porém, se o texto for explicativo ,como o aposto,aí não tem jeito,tem que usar a vírgula,como nesse exemplo:Dilma Roussef, presidente do Brasil, nomeou novo ministro.
O caso é que o raio do sinalzinho nos põe em cada enrascada!
Veja isso:Minha filha Aninha estuda  gestão ambiental.
Esta frase é restritiva ou explicativa? Depende, diz  um amigo entendido em vírgulas.
-Mas,depende de que,pergunto eu, mais perdida que cego em tiroteio.
-Do antecedente Aninha. Você só tem uma  filha? Se for assim o termo é explicativo.Se mais de uma, restritivo
Entendeu? Confuso, né?
Vamos clarear.Se eu digo:- Minha cunhada  Teresa   vem almoçar amanhã; minha cunhada Joana vem no próximo domingo.
Percebeu?
Eu só tenho uma filha estudando meio ambiente, portanto,Aninha é termo explicativo.
Tenho mais de uma cunhada pronta a filar o meu pirão. Teresa e Joana são termos restritivos.
Mas, a vírgula é obrigatória?Sim, no deslocamento da oração adverbial; no adjunto, pode-se fazer concessões.Se ele for pequeno- ontem,hoje, amanhã- ,as concessões podem ser feitas.

No mais não custa lembrar do velho Anatole France: -o estilo deve ter clareza,clareza,clareza.
Fui clara?
Saber identificar o termo restritivo e explicativo faz toda a diferença.Evita que a frase fique manca.
Agora se você não quer ter trabalho comece a usar o livro da Prof. Heloísa.Assim, nois não precisa se preocupar com as vírgula.
                                                                  ‘Té mais
















Essa é a ideia do Clube de Autores, o primeiro site brasileiro a funcionar como um Blurb ouLulu. (dica de Alessandro Martins, do Livros e Afins)

Eis o funcionamento: o autor envia sua obra pela internet ao Clube de Autores. Se pelo menos um leitor tiver interesse em comprá-lo, uma edição será impressa. Ou seja, é um serviço totalmente sob demanda.


O Clube de Autores é o primeiro site brasileiro que permite a publicação gratuita de livros de forma 100% sob demanda. Em outras palavras, você, autor, pode subir o seu livro, determinar quanto deseja ganhar por venda e disponibilizá-lo na loja sem pagar absolutamente nada por isso.
Uma vez lá, todo e qualquer usuário pode adquiri-lo via comércio eletrônico.
Quando o livro é comprado, o pedido vai diretamente para a gráfica, que imprime um a um, dá o acabamento final e despacha para o comprador – sendo que o autor recebe os direitos autorais após acumular-se um montante mínimo, de R$ 300,00.
Infelizmente, os livros no site têm uma aparência padronizada e o preço de cada exemplar não é animador. No entanto, é um serviço com apenas dois dias de existência; então, ainda há muito a melhorar e crescer.

O diretor da empresa responsável pelo site, Ricardo Almeida, ao comentar no blog
 Livros e Afins, admite o valor elevado dos livros, mas justifica: "O valor dos livros é, de fato, mais alto do que de um livro médio - afinal, impressão um a um, 100% sob demanda e gratuita para o autor, tem, por si só, custos mais elevados". Além disso, o valor final de cada exemplar depende de quanto o autor pretende ganhar. "Se ele quiser colocar R$ 50,00 de ganho por venda, o livro pode sair por R$ 80,00; se quiser colocar R$ 5,00, pode sair por R$ 35,00; e assim por diante".

Porém, um detalhe é animador: "Os direitos autorais são exclusivos do autor e ele não tem absolutamente nenhuma amarra a nós. Ou seja: na pior das hipóteses, ele terá o seu livro publicado sem custo algum e poderá começar a fazer ou reforçar a sua “marca”, por assim dizer."

Visite o Clube de Autores:


http://www.clubedeautores.com.br/






















PREZADO AUTOR
Se você escreve textos de qualidade (artigos, contos, poemas ou livros), então esta mensagem é para você.

Estamos vivendo uma revolução, com a chegada dos e-books. Mas não podemos esquecer a importância dos agentes literários e das editoras, e de seu papel na seleção e aperfeiçoamento das obras que chegarão ao mercado, sejam eletrônicas ou impressas. Pela MESA DO EDITOR agentes e editoras poderão agora conversar entre si, sem barreiras geográficas ou burocráticas. E autores podem oferecer a eles seus originais, sem gastar com cópias e envios pelo correio. Com a MESA DO EDITOR o alcance do manuscrito se tornou global e imediato. Nossa função é agilizar estes contatos, porque não basta modernizar apenas o resultado.

Seja parte desta revolução.
Cadastre-se agora mesmo na MESA DO EDITOR (www.mesadoeditor.com.br).

















CONSELHOS DE MR. ROBERT DARNTON PARA  O ESCRITOR INICIANTE



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A um autor que está para lançar um livro, o que o senhor recomendaria: publicá-lo em papel ou em formato digital?
Eu diria para publicar em papel e também disponibilizá-lo online, de graça, para que as pessoas possam prová-lo – aquilo que os franceses chama de degustação. Um dos problemas, especialmente para autores que estão começando, é que eles não conseguem emplacar livros nas lojas. Os lojistas não exibem as obras, e ninguém fica sabendo delas. O marketing online pode ser um caminho para impulsionar a venda do livro impresso. Principalmente se o romance for longo, eu duvido que o leiam inteiro na internet.

Não é a hora ainda, portanto, de abandonar o papel?
Não, de modo algum. É incrível, mas as estatísticas mostram que o número de livros impressos no mundo – é fantástico – só fazer crescer, crescer, crescer. Todo ano, há mais livros impressos que no ano anterior. E estou falando de títulos novos. Temos cerca de 1 milhão de títulos novos por ano. Então, a ideia de que o livro impresso está morrendo é uma loucura. Não creio que os livros impressos se tornarão objeto de colecionador, produtos de butique. Acho que teremos livros híbridos, ao mesmo tempo impressos e eletrônicos. Prevejo um período em que eles irão coexistir. O livro impresso é uma invenção maravilhosa, e ele funciona tão bem há tanto tempo.
E quanto à força demonstrada pelo livro eletrônico? A Amazon anunciou que já vendendo mais e-books do que títulos em papel.
Pelo estudo da história da comunicação, que é o meu campo acadêmico, nós aprendemos que uma mídia não substitui outra. Nós tivemos jornais e veio o rádio e não matou os jornais, como a TV não matou o rádio. Agora, nós temos a internet, e a TV está sobrevivendo. É claro que, num longo prazo, uma mídia pode expirar. Mas não num curto espaço de tempo. E uma coisa interessante na história dos livros é que, após a descoberta da prensa por Gutemberg, foram publicados mais livros manuscritos que antes. Então, Gutemberg não destruiu as publicações manuais, mas lhes deu nova força. Os dois formatos coexistiram por um período.



O senhor reconhece o potencial que a internet tem de fazer avançar os ideais do Iluminismo. Ao mesmo tempo, é crítico dos limites impostos a esse avanço. Quais são os maiores inimigos da República das Letras em sua versão digital?
Eu admiro a ideia de uma República das Letras, desenvolvida nos séculos XVII e XVIII. Ela representa um mundo aberto a todos. É uma ideia bonita e acredito que a internet a torne possível. A internet tem condições de democratizar a informação. Mas há também os inimigos que impedem essa democratização na rede. Em primeiro lugar, tem a questão dos direitos autorais, que limitam o acesso aos livros. Segundo, há um perigoso comércio online, que vai contra o ideal original da web, de livre acesso à informação. Em terceiro lugar, tem o Google, capaz de comercializar o acesso ao conhecimento pelo Google Book Search, em que é preciso pagar para ler livros que não sejam de domínio público.



FONTE:
INTERNET















O LIVRO DIGITAL

... mas,pode chamá-lo de e-book.
É um livro eletrônico que só pode ser lido em equipamentos como computadores Ipod ou Ipad e celulares.
São feitos nos formatos PDF ou HTML.Têm baixo custo e são de fácil acesso, pois, podem ser disponibilizados na rede para downloads e portais gratuitos.
Origem:
Foi  inventado  em 1971 p/Michael Hart q/ digitou a Declaração da Independência nos EE UU.
Em 1973  surgiu o primeiro livro digital “Do Assassinato” do autor Thomas de Quincey (espero q/ ele n/ contribua para  o assassinato do livro impresso, para mim,imprescindível .)
Em 2007 a Amazon  lançou o Kindle.
Vantagens:
Portabilidade (disquetes,CD-ROM,pen-drives,cartões de memória)
Rapidez na chegada da informação;  pede- se  um livro nos States ou no Brasil e poderá lê-lo em menos de 5 minutos.
Custo: 80% menos que  o livro impresso.
Hoje já existem softwares capazes de  proporcionar uma leitura clara com excelente definição ,além de poder acrescentar imagens e sons.  Os audiobooks , são excelentes p/ deficientes visuais.
Direitos autorais: os mesmos do livro impresso.Se o autor não autorizar não  poderá ser alterado,plagiado ,distribuído ou vendido comercialmente.
Futur:. Sem    dúvidas que  o futuro do livro é digital.O importante é quando.
Uma das dificuldades para  esse livro “pegar”,  no Brasil é o baixo acesso à internet; só 10 milhões  têm acesso á banda larga.
Kindle: milhares de livros armazenados num só aparelho portátil,leve e seguro.
“Maktub” e “As Filhas do General”:  meus dois livros digitais.”Maktub”,um livro de mensagens já vendeu 1500 CD’s.


















 
                                Miriam de Sales no lançamento d'A BAHIA DE OUTRORA





 Não fique mandando seus originais para todo mundo.Acontece que você escreve para ser lido extramuros, e deseja testar sua obra num terreno mais neutro. E não quer ficar a vida inteira escrevendo apenas para uma pessoa. O que fazer então para não virar um chato? No passado, eu aconselharia mandar os textos para jornais e revistas literárias, foi o que eu fiz quando era um iniciante bem iniciante. Mas os jovens agora têm uma arma mais democrática. Publicar na internet. Há muitos espaços coletivos, uma liberdade de inclusão de textos novos e você ainda pode criar seu próprio site ou blog, mas cuidado para não incomodar as pessoas, 
enviando mensagens e avisos para que leiam você.

Fonte:Decálogo do escritor




















QUER ADQUIRIR UM BOM LIVRO?




Caros Leitores
Muitos de vocês têm solicitado um meio de receber meus livros, pois, há locais onde não existem as livrarias cadastradas para vendê-los.
Em Salvador:
Galeria do Livro, Praça Castro Alves, Espaço Unibanco
Livraria LDM, Rua da Piedade (em frente ao Banco do Brasil)
Livraria do Aeroporto
Se você não tem acesso a essas livrarias pode fazer seu pedido por e-mail para:
Receberá autografado, via sedex gratuito para todo o Brasil e países europeus ou africanos, o livro + um e-book “As filhas do General”, um romance digital com texto, música e imagens.
Basta fazer o depósito na Caixa Econômica Federal em nome de Miriam de Sales Oliveira e enviar o depósito escaniado.
Agencia: 2218
OP: 013
C/C: 168-897
Agradeço-lhe o pedido e prometo-lhe boa diversão e literatura da melhor qualidade.
A Bahia de Outrora
Copyright, Miriam de Sales Oliveira
Todos os direitos reservados à autora
Editora: Via Litterarum Editora
Revisão: Aurélio Schommer
Projeto Gráfico e capa: Marcel Santos
Fotos de capa: Postais da coleção de José Carlos Daltozo gentilmente cedidos pelo proprietário
Miriam,
Terminei de ler o seu livro. Ele contém referências histórico-culturais importantes e provavelmente fará parte do acervo cultural brasileiro, se é que já não o é. Na época do livro, o país viveu da maneira como você conta. Revejo histórias da minha mãe e do meu pai e dos familiares deles.

É um prazer guardar a memória dos meus antepassados através do seu livro. Parabéns!
Yayá Portugal,escritora paranaense

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